Após ler, atenta e criticamente, o texto abaixo (retirado do blog "O fim da Várzea - blogs, internet, opinião e mau humor") faça sua análise a respeito do parágrafo abaixo negritado.
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O fim da televisão
Assisto muito pouco à televisão, e geralmente apenas o trash. Cancelei a TV por assinatura, depois de anos assistindo a infinitas reprises (desconfio que eles mantêm um convênio com as locadoras de DVD, recebendo um por fora para exibir apenas lixo nos finais-de-semana).
Ontem à noite, em mais uma insônia típica de domingo, estava zapeando pela TV aberta e, entre sessões de exorcismo e comerciais de 30 minutos sobre aparelhos de ginástica que até trocar pneu trocam, acabei acompanhando uma parte do Big Brother, que me fez questionar até que ponto pode descer a falta de qualidade da programação.
Os "confinados" haviam ganhado um almoço patrocinado por uma marca de suco obscura e deliciavam-se com uma refeição digna de loja de conveniência, daquelas que você aquece por 1 minuto e sofre de indigestão por uma semana.
Gyselle, a moça que "deu certo" na França e no Brasil, não sabe nem segurar os talheres, o tal Marcão segura-os como se fossem ferramentas e mastiga como se tivesse passado a vida na selva.
Isso parece fútil, mas os modos à mesa dizem muito de uma pessoa. No caso em questão, só confirma o que já havia sido mostrado em outro dia, quando Pedro Bial pergunta se eles conheciam a resposta do enigma da Esfinge e todos demonstram total ignorância, tanto da resposta quanto da origem da pergunta.
Reality shows são sobre pessoas comuns, eu sei disso. Mas parece que não basta mais ser comum, tem que ser superficial e ignorante.
Segundo li em algum lugar, a Globo já pensa em mudar a fórmula, visivelmente esgotada, na próxima edição. Pensam em mesclar pessoas de diferentes faixas etárias, fugindo do formato loira(o) burra(o).
Mas fugirão do nivelamento cultural rasteiro?
É fácil dizer que o povo desse País é inculto e incapaz de apreciar algo mais sofisticado. Eu mesmo acredito nisso. Mas não seria hora de fazer algo para mudar esse cenário?
Alguém que só come miojo é incapaz de apreciar algo mais sofisticado? Talvez sim, mas é preciso oferecer opções variadas, ao longo do tempo, o gosto melhora.
Quem acompanhou o Jô Soares no início de seu talk show no SBT lembra que era um programa memorável. Pessoas com conteúdo passavam por lá e o humor era genuíno. Quando a platéia fazia "ahhhh" no final de uma entrevista, era merecido, e digno de nota.
A pasteurização da programação está se revelando um tiro no pé por parte das emissoras. Incentivar a favelização da audiência não me parece um negócio lucrativo. Você gostaria de anunciar seu produto para quem não pode comprá-lo?
A TV pode ser útil na "educação" de um povo. Instigar novas idéias pode gerar frutos, inclusive a curto prazo.
Ou, muito em breve, veremos pessoas comendo com as mãos e comunicando-se por mímica. Quem viver verá.
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Fonte: http://www.ofimdavarzea.com/o-fim-da-televisao/
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