23.12.06

Ditado popular



"Quando achamos que sabemos todas as respostas,
vem a vida e muda as perguntas."
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Tradição x inovação


"Era uma vez uma tribo pré-histórica que se alimentava de carne de tigres de dentes de sabre. A educação nesta tribo baseava-se em ensinar a caçar tigres de dentes de sabre, porque disto dependia a sobrevivência de todos. Os mais velhos eram os responsáveis pela tarefa educativa. Passado algum tempo os tigres de dentes de sabre extinguiram-se. Criou-se um impasse: o apego à tradição dos mais velhos exigia que se continuasse a ensinar a caçar tigres de dentes de sabre; os mais jovens clamavam por uma reforma no ensino. O impasse perdurou por muito tempo. Mais precisamente até um dia que, por falta de alimento, a tribo extinguiu-se também." (Fábula)


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Reflita sobre a fábula acima e faça um texto utilizando os conceitos de tradição, inovação, paradigma e senso crítico.

Sistema produtivo x senso crítico


“O sistema em que vivemos faz questão de ocupar o nosso tempo de tal maneira que acaba nos tirando a capacidade de pensar. Opinião é algo que se adquire parando e reservando um pouco de tempo para ficarmos sozinhos, para pensar e buscar o conhecimento acerca de nós mesmos”.



Mariana Rost


"Cada vez mais se torna necessário que o trabalhador tenha conhecimentos atualizados, iniciativa, flexibilidade mental, atitude crítica, competência técnica, capacidade para criar novas soluções e para lidar com a quantidade crescente de novas informações, em novos formatos de acesso".



(Livro Ciber professor, 2004)



"O indivíduo deve ser capaz de refletir sobre o escrito, permitido-se fazer uma relação entre o real, o ideal e a fantasia, tirando suas próprias conclusões, criando novos conceitos de ver e sentir a realidade".



"O gosto pela leitura e a compreensão de sua mensagem é algo muito particular de cada ser. A informação é algo importante que influenciará no modo de pensar e agir de cada indivíduo".


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Faça uma "análise comparativa" dos pensamentos acima e elabore um texto com os conceitos: informação, sistema produtivo e senso crítico.

Inclusão digital


“Não basta ter acesso à informação, é preciso saber o que fazer com ela. Desenvolver a capacidade de "aprender a aprender" não é uma tarefa fácil. Desenvolver o senso crítico da população: isso sim é democratizar a informação e concretizar a cidadania”.



Marie Anne Macadar
Leia o artigo Desmistificando a Inclusão Digital na íntegra

12.12.06

Aprendizagem, tempo, paradigmas e desvios...

O método desviante

Por Jeanne Marie Gagnebin


Algumas teses impertinentes sobre o que não fazer num curso de filosofia

Como uma boa e velha professora de filosofia, prefiro cercear o assunto, amplo demais, por caminhos negativos, desvios e atalhos que não parecem levar a lugar algum. Digo “professora de filosofia”, porque meu território de atuação é, primeiramente, a sala de aula e a dinâmica com os estudantes, com todas as vantagens e todas as restrições que o ensino universitário no Brasil traz consigo. E digo também uma “velha” professora de filosofia porque posso me permitir, hoje, nesse momento de minha carreira acadêmica, algumas provocações que não vão (pelo menos, assim o espero!) colocar em questão nem meu contrato nem meu emprego. Imagino que os jovens colegas, com ou sem vaga ainda, não ousariam pensar de tal maneira, pelo menos explicitamente, porque têm que assegurar primeiro seu lugar no sol. Ofereço a eles um pequeno descanso na sombra.

Primeira regra para o reto ensino, em particular, o reto ensino da filosofia: não temer os desvios, não temer a errância. Os programas e “cronogramas” somente servem de esboços utópicos do percurso de uma problemática. Não esquecer que o tempo é múltiplo: não é somente “chronos” (uma concepção linear que induz falsamente a uma aparência de causalidade), mas é também “aiôn” (esse tempo ligado ao eterno, que, confesso, ainda não consegui entender...) e, sobretudo, “kairos”, tempo oportuno, da ocasião que se pega ou se deixa, do não previsto e do decisivo. Quando algo acontece na aula, quando algo pode ser, subitamente, uma verdadeira questão (para todos: estudantes e professor, não só para este último), aí vale a pena demorar, parar, dar um tempo, descrever o impasse e, talvez, perceber que algo está começando a ser vislumbrado, algo que ainda não tinha sido pensado (não por ninguém na tradição filosófica inteira, isso é abstrato, mas por ninguém dos participantes concretos agora e aqui na aula), algo novo e, portanto, que não sabemos ainda como nomear.

Segunda regra para o reto ensino, já cheio de desvios: não ter medo de “perder tempo”, não querer ganhar tempo, mas reaprender a paciência. Essa atitude é naturalmente muito diferente, imagino, num ensino dito técnico, no qual os estudantes devem aprender várias técnicas, justamente, vários “conteúdos”, ensino essencial para o bom funcionamento de várias profissões. Mas, no ensino da filosofia (e talvez de mais disciplinas se ousarmos pensar melhor), paciência e lentidão são virtudes do pensar e, igualmente, táticas modestas, mas efetivas, de resistência à pressa produtivista do sistema capitalista-mercantil-concorrencial etc. etc. (esqueci de dizer que a velha professora tinha 20 anos em 1968). Lyotard disse isso lindamente: “Si l’un des principaux critères de la réalité et du réalisme est de gagner du temps, ce qui est, me semble-t-il, le cas aujourd’hui, alors le cours de philosophie n’est pas conforme à la réalité d’aujourd’hui. Nos difficultés de professeurs de philosophie tiennent essentiellement à l’exigence de la patience. Qu’on doive supporter de ne pas progresser (de façon calculable, apparente), de ne faire que commencer toujours, cela est contraire aux valeurs ambiantes de prospective, de développement, de ciblage, de performance, de vitesse, de contrat, d’exécution, de jouissance” (« Le Postmoderne Expliqué aux Enfants », Galilée, 1986, Paris, pp. 158/159). (1 - tradução no final deste texto)

Terceira regra desviante: não querer ser “atual”, estar na moda, up to date, mas assumir o anacronismo produtivo, uma não-conformidade ao tempo (Unzeitgemässheit, dizia Nietzsche), não correr atrás das novidades (mercadorias intelectuais ou não), mas perceber o surgimento do devir no passado antigo ou no presente balbuciante, hesitante, ainda indefinido e indefinível. Deixar que essa hesitação possa desabrochar. Não procurar por normas e imperativos, mesmo na desorientação angustiante, mas conseguir dizer, de maneira diferenciada, as dúvidas. (Caro leitor, você já percebeu a quantos imperativos somos submetidos, somente andando 10 km na cidade ou lendo uma revista? O tempo do imperativo é o da propaganda).

Resistir, portanto à tentação do professor e do “intelectual” em geral de ter de encontrar uma saída, uma solução, uma lei, uma verdade, um programa de partido ou não. Agüentar a angústia. Adorno dizia que essa dimensão era uma dimensão de resistência não só ao sistema dominante do mundo administrado, mas também aos sonhos de dominação do pensamento. Não querer colocar uma ordem necessária onde há primeiro, desordem, não confundir “taxinomia”, arranjo em várias gavetas com pensamento -pois pensar é, antes de mais nada, duvidar, criar caminhos, perder-se na floresta e procurar por outro caminho, talvez inventar um atalho.

Quarta regra de método desviante (“Método é desvio”, dizia um velho mestre quase chinês, Walter Benjamin): não se levar tão a sério assim, só porque estudou latim e grego ou fez doutorado na Alemanha ou consegue entender Heidegger. Mais radicalmente: não levar demais a sério as “opiniões” pessoais, em particular as suas. São, no melhor dos casos, somente a ocasião de ir além delas, do reino dito encantado das “idéias” e “crenças” subjetivas. Não cair na ilusão liberal de que a liberdade se esconde nas escolhas individuais, arbitrárias e/ou manipuladas. Se há algo que a reflexão filosófica pode realmente ajudar a pensar é a necessidade de ultrapassar, de ir além -isto é de “transcender”- os pequenos narcisismos individuais para vislumbrar “o vasto oceano da Beleza” (dizia o velho Platão), o Reino do Espírito, dizia outro velho senhor idealista, hoje talvez digamos o “enigma do Real” ou, então, as linhas de fuga e os acontecimentos.

Essa dimensão “objetiva” (não em oposição ao “sujeito”, mas levando em questão a materialidade e a historicidade das “coisas” que nos resistem e nos atraem) do pensamento justifica a exigência, imprescindível, da diferenciação conceitual, isto é, do esforço e da ascese (askesis, ou exercício, em grego) conceituais: não se trata de malabarismos intelectuais complicados, mas de tentativas sempre reiteradas de compreender o “real” sem violentá-lo. Esse esforço, essa “paciência do conceito”, vai, de novo, contra a pressa reinante, e também contra os “achismos” tão prezados na imprensa e na televisão, nos meios ditos de “comunicação”. Também resiste à ilusão de que o debate de idéias, como se diz, seja um enfrentamento de dois ou mais oradores brilhantes (ou não) que tentam, cada um, fazer prevalecer sua opinião sobre a opinião do outro.

A ascese conceitual também implica o aprendizado de um certo despojamento da vontade individual e concorrencial de auto-produção perpétua em detrimento dos outros. Não se trata de ser melhor que os outros, mas de estar atento às possibilidades de transformação da realidade, portanto, de não passar ao lado dela, de compreendê-la melhor, na sua possível mutabilidade. Isso implica, aliás, que, muitas vezes, não sei, não posso dizer nada que ajude, portanto também ouso calar-me, não cedo à tentação de falar sobre tudo e qualquer coisa.

Conclusão: não se dobrar aos imperativos mercantis-intelectuais da “produção” de “papers” e da contagem de pontos nos inúmeros “curricula” e relatórios administrativos-acadêmicos: se tiver que contar “pontos”, conte para que lhe deixem em paz, mas não confunda isso com trabalho intelectual ou mesmo espiritual. Já que temos o privilégio de lecionar filosofia, isto é, uma coisa de cuja utilidade sempre se duvidou, vamos aproveitar esse grande privilégio (de classe, de profissão, de tempo livre) e solapar alguns imperativos ditos categóricos e racionais: contra a pressa, a produtividade, a concorrência, a previsibilidade, a especialização custe o que custar, as certezas e as imposições. Podemos exercer, treinar, mesmo numa sala de aula, sim, pequenas táticas de solapamento, exercícios de invenção séria e alegre, exercícios de paciência, de lentidão, de gratuidade, de atenção, de angústia assumida, de dúvida, enfim, exercícios de solidariedade e de resistência.
(Publicado em 3/12/2006)

Jeanne Marie Gagnebin É professora de filosofia na PUC/SP e de teoria literária na Unicamp, autora, entre outros, de "História e Narração em Walter Benjamin" (Perspectiva, 1994) e de "Sete Aulas sobre Linguagem, Memória e História" (Imago, 1997).

1 - “Se um dos principais critérios da realidade e do realismo é ganhar tempo, o que é, me parece, o caso hoje em dia, então o curso de filosofia não se ajusta à realidade de hoje. Nossa dificuldade de professores de filosofia concerne essencialmente à exigência de ser paciente. Que se deva suportar não progredir (de maneira calculável, aparente), ter que começar sempre, isso é contrário aos valores dominantes de prospectiva, de desenvolvimento, de alvo, de performance, de velocidade, de contrato, de execução, de gozo.” (tradução da Redação)

Fonte:11.12.06

16.11.06

Blog de crônicas políticas

"A imprensa não deve ser justa, nem bela. Deve ser livre. Nos tempos atuais, deve ser livre para elogiar. Apenas para elogiar.
E, de preferência, elogios sóbrios. Sem piadinhas".
Rodolfo Torres
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Confira o blog de Rodolfo Torres: Blá blá blá Brasília
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Para REFLEXÃO:
Qual é a sua opinião sobre o papel da imprensa?
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6.11.06

Só não ler quem não quer...

Olá alunos,

Viva a internet! Nos dias atuais, sabemos que só não lê quem não sabe e quem não quer. Então, para estimular a leitura, selecionei uns links de acesso para livros. São várias obras de diversos autores! Além disso, têm obras em português e inglês.

Aproveitem o tempo com cultura! Afinal, ler também é viajar!
Abraços, Solange

Todos os livros estão compactados. Entre aqui no HD Virtual . Clique em uma pasta e em seguida nos arquivos de sua preferência. Será aberta uma nova página, depois de carregada, role-a até o final e procure o botão Download, clique e espere ser concluindo. As novas adições à lista, estarão marcadas com (Novo)

Veja também:Cultivox: e-livros em português

Tem mais aqui...

Em inglês:
http://promo.net/pg/
http://digital.library.upenn.edu/books/


Alguns, dos autores disponíveis:
Machado de Assis - Allan Kardec - Sigmund Freud - Carta Testamento de Getúlio - Francis Bacon - Bhaghavad Gita - Bíblia - Velho Testamento - Frederico Nietzsche - Frei Vicente do Salvador - Shakespeare - Augusto Comte - Leon Trotsky - Rainer Maria Rilke - Marco Aurélio - Pablo Neruda - Artur Rimbaud - Voltaire - Catherine Clement - Marquês de Sade - Julio Cortazar - Raul Brandão - Jorge Luis Borges - Guy de Maupassant - William Sargant - Pe. Antonio Vieira - Gregório de Matos - Lev Semenovich Vygostsky - Artur Azevedo - Álvares de Azevedo - Martins Pena - Joaquim Norberto de Souza e Silva - França Júnior - Gonçalves de Magalhães - Augusto dos Anjos - Legislação eleitoral - Franz Kafka

2.11.06

Reflexão...

"Parece que o mundo só salta quando empurrado pelos atormentados. Newton quase morreu, andava procurando um código na Bíblia, e descobriram uma porção de obras suas dedicadas à velha Alquimia. Marx quase deixou a família morrer de fome. Freud era meio pancada. Wilhelm Reich, brigou com todo mundo, fez chover no deserto com seu cloudbuster e acabou morto pela democracia americana. Jung andava as voltas com seus fantasmas... Pauling, Einstein, Darwin, Crick e uma legião de outros. Quando se olha na fileira do tempo dá prá ver uma porção deles acenando as mãos. Parece que a humanidade tem um grande débito com esses caras."

(Trecho escrito por Caio numa comunidade no orkut).

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E você o que pensa do trecho acima?

31.10.06

Refletindo sobre a situação social do país...


O Brasil é considerado um país com enorme disparidade social atribuída pela má distribuição de renda, dentre outros fatores. Com base nos textos “Transferência de renda pelo governo em 2004”, “Classe média encolheu em 2003” e “Distribuição de renda no Brasil” (ver links abaixo) e, pesquisando em outras fontes, faça uma análise crítica refletindo sobre:

1) Os programas chamados “assistenciais” podem resolver a questão das diferenças sociais no Brasil? São ações válidas? Por quê?


2) O resultado das eleições de 2006, com a reeleição do presidente Lula, pode ser atribuído aos programas de “transferência de renda”?

3) Na sua opinião quais medidas o governo deveria tomar para minimizar a pobreza no país?

4) É possível acabar com a desigualdade social no Brasil? Como?

5) Faça outros questionamentos acerca do tema e argumente suas idéias.

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Transferência de renda pelo governo em 2004

Em 2004, 15,6% dos domicílios no país tinham pelo menos um morador recebendo dinheiro de programa social do governo, sendo que na Região Nordeste este percentual chegou a 32%. Nesses domicílios beneficiados, 91% tinham rendimento domiciliar per capita1 de até um salário mínimo e 1,1% de mais de dois salários mínimos. Estas e outras informações fazem parte do suplemento da PNAD de 2004 sobre Acesso a Transferências de Renda de Programas Sociais, que inclui tabelas desagregadas por Grandes Regiões e Unidades da Federação.

Dentre os programas sociais governamentais, das esferas federal, estadual e municipal, encontram-se aqueles que visam dar suporte às famílias das menores faixas de rendimento por meio de transferências em dinheiro. Entre esses programas de transferência de rendimento pesquisados, estavam desde o auxílio-gás, que era de R$ 7,50 mensal, pago bimestralmente, até o Benefício Assistencial de Prestação Continuada - BPC-LOAS, que foi fixado em 1 salário mínimo mensal.

Realizada pelo IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entrevistou 399 354 pessoas e 139157 unidades domiciliares distribuídas por todo o país.


Em 2004, cerca de oito milhões de domicílios foram beneficiados com programa social de transferência de rendimento do governo



No total de domicílios particulares no país, 15,6% eram constituídos por aqueles em que algum morador recebeu dinheiro de programa social do governo. A Região Nordeste apresentou o maior valor desse indicador (32,0%) e a Sudeste, o mais baixo (7,9%).



Já entre os domicílios no Brasil com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a proporção de moradias em que algum morador recebeu benefício monetário de programa social do governo chegou a 50,3% e na de mais de 2 salários mínimos situou-se em 0,7%. Essa mesma evolução foi observada em todas as regiões.


Nos domicílios particulares em que algum morador recebeu dinheiro oriundo de programa social do governo, quase 91% tinham rendimento domiciliar per capita de até 1 salário mínimo e 1,1% de mais de 2 salários mínimos. Naqueles domicílios em que nenhum morador recebeu transferência monetária de programa social do governo, a parcela dos sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até 1 salário mínimo representou 43,0% e a dos que tinham mais de 2 salários mínimos, 27,2%.
Ainda segundo a pesquisa do IBGE, o rendimento mediano mensal dos domicílios que tinham algum morador recebendo dinheiro de programa social do governo (R$ 458) estava em patamar inferior ao dos que não tinham (R$ 880).
Fonte: IBGE
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Veja aqui o texto completo e os gráficos

Classe média encolheu em 2003

Classe média encolheu no 1º ano de Lula


(Correio Popular - Cidades - 13/11/2004)
De São Paulo



“O Brasil empobreceu violentamente em 2003, o primeiro ano do governo Lula.” A afirmação é do professor do Instituto de Economia da Unicamp, Waldir José de Quadros, que está concluindo uma pesquisa sobre o encolhimento da classe média brasileira nos últimos 20 anos.

Ao comparar a situação da classe média entre 2002 e 2003, o economista constatou uma perda de riqueza muito forte para o período de apenas um ano, só comparável ao que ocorreu no governo Collor, com o confisco dos depósitos e aplicações financeiras. “A situação é quase a mesma.”

Leia aqui o texto na íntegra.
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Percentuais da pesquisa em 2003

Ricos - 0,14% (renda familiar mensal acima de R$ 6,9 mil)
__________________ CLASSE MÉDIA ____(31,29%)__________
Classe média alta – 3,38% (renda familiar acima de R$ 5 mil mensais)
Classe média média – 6,61% (renda familiar entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil mensais)
Classe média baixa – 21,30% (renda familiar de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil mensais)
__________________ POBRES__________(68,57%)__________
Massa trabalhadora – 26,66% (renda familiar mensal entre R$ 500 e R$ 1 mil)
Trabalhadores com renda ínfima – 22,11% (renda familiar mensal entre R$ 250 e R$ 500)
Indigentes – 19,80% (renda familiar mensal abaixo de R$ 250)
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Fonte: Waldir José Quadros

Distribuição de renda no Brasil

PESQUISA
Pobre rica classe média


Na massa intermediária está quase metade da renda do país, diz estudo

por Paulo César do Nascimento


Alguém no Brasil que tenha uma renda mensal de pelo menos R$ 2.000,00 pode ser considerado rico? A resposta é sim, de acordo com estudo realizado pelo professor do Instituto de Economia da Unicamp, Rodolfo Hoffmann. Mas os resultados da pesquisa "Distribuição da Renda no Brasil: poucos com muito e muitos com muito pouco" revelam surpresa maior ao demonstrar que pessoas com aquela renda integram o privilegiado grupo dos 10% mais ricos do país, o que não é pouco: trata-se de mais de seis milhões de brasileiros e não – ao contrário do que se imagina – de algumas dezenas de milionários freqüentemente expostos aos refletores e ao glamour da mídia.

Embora o assunto possa parecer esgotado – afinal, ainda que não seja mazela exclusiva do Brasil, é notória a injusta distribuição de renda no país– a análise do professor Hoffmann tem o mérito de abordá-lo de maneira inovadora. A partir de estatísticas recentes e confiáveis, ele apresenta números que não só corroboram a grande desigualdade da distribuição da renda nacional, mas, principalmente, enfatizam de forma clara e atualizada os diferentes níveis de renda da população economicamente ativa.

Para estudar as características da distribuição da renda no Brasil, Hoffmann utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo IBGE em 1998 e que encontrou no país (exceto nas áreas rurais dos Estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, não cobertas pela pesquisa) quase 77 milhões de pessoas economicamente ativas.
Na análise, porém, ele restringiu-se aos cerca de 61,6 milhões de pessoas economicamente ativas com rendimento positivo, já que nada menos que 18,6% do total coberto pela PNAD tinha rendimento igual a zero, ou seja, era constituído de pessoas sem remuneração, incluídos nessa categoria os membros não remunerados das famílias dos pequenos agricultores, onde o resultado do trabalho familiar é declarado como rendimento do chefe. Após fazer uma correção para compensar a subdeclaração, o rendimento médio daquelas 61,6 milhões de pessoas é cerca de R$ 950,00.

Classe média? – Mesmo ponderando que a principal limitação dos dados é, certamente, a subdeclaração das rendas elevadas, Hoffmann chegou a números que, no mínimo, convidam a uma reflexão acerca de critérios e rótulos convencionalmente aplicados para se definir categorias sócio-econômicas no Brasil a partir da renda – utilizados mais pela força do hábito do que propriamente embasados em dados científicos. O contingente populacional que no país se convencionou chamar de classe média, por exemplo, à luz do trabalho do professor da Unicamp está equivocadamente posicionado no cenário da distribuição da renda nacional.

"Analisando-se o rendimento das pessoas economicamente ativas, percebe-se que cada uma das pessoas que estão entre os 10% mais ricos ganham pelo menos R$ 2.000,00. São, portanto, pessoas relativamente ricas para a distribuição da renda no Brasil, mas que costumam se considerar pobres. Quando muito a pessoa admite pertencer à classe média", observa Hoffmann.
"O estudo revela, contudo, que não se pode considerar integrante de uma massa intermediária da população um contingente que se apropria de quase a metade de toda a renda nacional", pondera.

Ignorar a extensão territorial brasileira e as enormes diferenças sócio-econômicas entre as regiões contribui para agravar a falta de idéias corretas sobre a distribuição de renda. "Não se pode esquecer que a região Nordeste, com 29% da população analisada, tem 52% do total de pessoas pobres e 54,6% da insuficiência de renda, e exibe medidas de pobreza cujo valor está próximo do dobro do observado para o país como um todo", salienta Hoffmann.

Contradições - Ele acrescenta que, discutir questões polêmicas como a taxação de riquezas e a redistribuição de renda, sem a percepção de aspectos como os abordados em seu trabalho – e aqui Hoffmann vê uma importante contribuição de seu estudo – leva a sérias contradições.

"Os 10% mais ricos têm cerca de 47,2% da renda total, o que significa que sua renda média é 4,72 vezes maior do que a média geral, ou cerca de R$ 4.500,00. Contudo, pessoas com rendimento dessa ordem de grandeza, quando discutem a cobrança de impostos e afirmam que se deveria aumentar a taxação de riquezas, consideram que ricos são pessoas com rendimento substancialmente superiores aos seus próprios", argumenta. "Contudo, o estudo revela que, na verdade, elas é que teriam de ser taxadas."

Para Hoffmann, taxar somente os 1% mais ricos do país - algo em torno de 600 mil pessoas da população economicamente ativa – com o objetivo de redistribuição da renda resultaria em transferência de uma fração muito pequena da renda total. "Ou seja, se o desejo for, de fato, redistribuir renda, a medida só trará resultados reais se atingir a parcela da população que hoje se considera classe média."

Ele acha válidas, porém insuficientes, para a melhor distribuição, iniciativas como o programa de renda mínima. "É um programa que merece ser ampliado, porque proporciona algum tipo de renda a quem tem muito pouco, além de promover a freqüência das crianças às escolas. Mas a distribuição da renda no Brasil não será alterada com uma única medida. Tem que ser uma preocupação constante e presente em todas as decisões políticas e econômicas."
Desfile de anões - Em seu estudo, Hoffmann faz uma referência a uma consagrada passagem do livro Income distribution: facts, theories, policies do economista holandês Jan Pen, em que ele, para descrever a distribuição de renda na Inglaterra, imaginou um desfile de pessoas ordenadas conforme valores crescentes da renda e admitiu que, num passe de mágica, as pessoas ficassem com altura proporcional à sua renda, de maneira que a altura média correspondesse à pessoa com renda média.


Hoffmann emprestou a idéia de seu colega europeu e imaginou um desfile semelhante, com uma grande amostra de pessoas representando a distribuição da renda na população economicamente ativa brasileira, admitindo que todo o desfile, do mais pobre ao mais rico, iria durar 100 minutos.

Nesse exemplo, ao final de 10 minutos de desfile, estaria passando uma pessoa com altura incrivelmente baixa. Ao final de 25 minutos ainda estariam passando pessoas com altura igual a um quarto da média. No meio do desfile, isto é, após 50 minutos, estariam passando anões com altura igual à metade da média. Só quando já tivessem passado três quartos do desfile é que seriam observadas pessoas com altura média, representando a renda média.

No início dos últimos dez minutos desfilariam gigantes com altura igual a 2,1 vezes a média. No início do último minuto passaria uma pessoa com altura maior do que oito vezes a altura média. De acordo com dados da PNAD estudada, o desfile terminaria com uma pessoa cuja altura seria 122 vezes a média.

"Devido à forte assimetria positiva da distribuição de renda, há muito mais pessoas com renda abaixo da média do que acima da média", esclarece Hoffmann. Assim, quem assiste ao desfile imaginado por Pen vê, durante a maior parte do tempo, a passagem de anões. Por isso, Pen afirmou que essa é uma parada de anões, e apenas alguns gigantes.
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Fonte: Jornal da Unicamp - Maio de 2000

30.10.06

Refletindo sobre eleições - Lula e Alckimin

Verifique aqui o placar das eleições para Presidente do Brasil no segundo turno (2006), conforme IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Faça sua análise crítica sobre o resultado eleitoral, considerando o critério IDH. O que isso significa para o país? Por que Lula obteve votação elevada, principalmente, nos estados considerados com menor índice de qualidade de vida?

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no segundo turno das eleições, o candidato Alckmin venceu nos estados MS, MT, PR, RR, RS, SC e SP. Embora o DF e RJ estejam entre os cinco melhores índices de IDH, Lula obteve melhor votação em ambos. Já o Amazonas e Maranhão foram os locais com os piores percentuais para Alckmin. O que pode se refletir a partir desses dados?
Veja aqui a comparação, por estados, do primeiro para o segundo turno.
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Posição dos Estados e do DF em relação ao IDH*
(do mais elevado para o pior índice)

1. Distrito Federal
2. Santa Catarina
3. São Paulo
4. Rio Grande do Sul
5. Rio de Janeiro
6. Paraná
7. Mato Grosso do Sul
8. Goiás
9. Mato Grosso
10. Minas Gerais
11. Espírito Santo
12. Amapá
13. Roraima
14. Rondônia
15. Pará
16. Amazonas
17. Tocantins
18. Pernambuco
19. Rio Grande do Norte
20. Ceará
21. Acre
22. Bahia
23. Sergipe
24. Paraíba
25. Piauí
26. Alagoas
27. Maranhão

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* IDH = Índice de Desenvolvimento Humano.

O IDH é o Índice de Desenvolvimento Humano, medido pelas Nações Unidas. O índice indica a qualidade de vida.
FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano, Pnud e TSE



25.10.06

Liberdade de expressão no Brasil?


Brasil 'retrocede' em liberdade de imprensa, diz relatório



"Um editor de um jornal da França foi demitido por publicar charges sobre Maomé em fevereiro de 2006"



Coréia do Norte, Turcomenistão e Eritréia são os países com menos liberdade de imprensa segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (22/10/2006) pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Na América Latina, a Bolívia subiu alguns postos e lidera o ranking. Já o Brasil retrocedeu, passando para o 75º lugar.

O relatório afirma que, no Brasil, com um jornalista morto este ano, os ataques à imprensa local continuam sendo "numerosos".

O relatório também aponta Estados Unidos, França, Japão e Dinamarca como países em falta por não terem dado total proteção à liberdade de expressão.

"Infelizmente nada mudou nos países que são os piores predadores da liberdade de imprensa e jornalistas na Coréia do Norte, Eritréia, Turcomenistão, Cuba, Mianmar e China ainda estão arriscando suas vidas ou correndo risco de serem presos por tentar nos manter informados", diz o relatório da organização baseada em Paris.

"Estas situações são extremamente sérias e é urgente que líderes destes países aceitem críticas e parem com as intervenções rotineiras e duras na mídia", afirma o relatório, o quinto deste tipo da organização, chamado Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2006.

América Latina


A Bolívia aparece no 16º lugar do ranking, ao lado de países como Áustria e Canadá.

Fontes da organização RSF afirmaram à agência de notícias EFE que o grande salto da Bolívia pode parecer "surpreendente", mas mostra que não ocorreram ataques diretos nem agressões a jornalistas. Também revelaram que fracassou o objetivo de um parlamentar do partido do presidente Evo Morales de introduzir um projeto de lei de controle da mídia.

O índice da RSF indica que, exceto no caso da Guatemala (90º lugar), a América Central ocupa um posto "de honra". Mas o índice também destaca outras disparidades na América Latina.

Apesar de a Bolívia ter dado um salto e do Panamá ter melhorado muito (39º), Argentina e Brasil sofreram "um claro retrocesso" e agora ocupam os postos 76º e 75º, respectivamente.

Na Argentina, "onde as relações entre a imprensa nacional e a Presidência são execráveis", a retirada de subsídios aos meios de comunicação "não é o único" meio para "atrasar a imprensa", segundo a RSF, pois as suspensões e demissões obedecem a "pressões diretas" de cargos políticos.

Queda

Os Estados Unidos, onde o conceito moderno de liberdade de expressão nasceu e foi difundido, caiu no índice anual da organização do 17° lugar, em 2002, para o 53°, em 2006, em grande parte devido ao deterioramento das relações entre o governo de George W. Bush, o Judiciário Federal e a imprensa, segundo o relatório.

Tensões semelhantes, envolvendo segurança e liberdade de imprensa, ajudam a explicar a queda da França para o 35º lugar, uma queda de 24 lugares em cinco anos.

O crescente nacionalismo no Japão fez com que o país caísse 14 postos, para o 51º.

O relatório traz também algumas boas notícias. O Haiti subiu do 125º lugar para o 87º em dois anos, desde que o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide fugiu do país em conflito. Apesar de vários assassinatos de jornalistas permanecerem sem divulgação, a violência contra a imprensa diminuiu, segundo a RSF.

A liberdade de imprensa também melhorou na Bósnia-Herzegovina, em Gana e vários países do Golfo Pérsico.
Alguns países europeus continuam liderando o índice, como Finlândia, Irlanda, Islândia e Holanda, dividindo o primeiro lugar em 2006.

Guerra


Em outras partes do mundo diversos fatores - incluindo guerra, repressão política, preocupações com segurança nacional e crescente nacionalismo - significaram novas ameaças à liberdade de imprensa.


Um exemplo é o Líbano, que caiu do 56º para o 107º lugar nos últimos cinco anos, segundo o relatório, pois a "imprensa do país continua a sofrer com a péssima atmosfera política da região, uma série de ataques com bombas em 2005 e os ataques militares israelenses em 2006".


O relatório também critica a Autoridade Palestina (134º lugar) por não conseguir manter a estabilidade interna, além de fazer críticas a Israel (135º lugar) pelo comportamento, além de suas fronteiras, que "ameaça seriamente a liberdade de expressão no Oriente Médio".


Repressão política no Irã, na Síria e na Arábia Saudita deixaram estes países próximos das últimas colocações no índice.


Os confrontos causados pela publicação das charges mostrando o profeta Maomé também fizeram com que a Dinamarca caísse do topo do ranking em 2005 para o 19º lugar em 2006, devido às ameaças aos autores das charges.


Perturbação, prisão de jornalistas e fechamento de jornais que republicaram as charges levaram a uma queda no ranking de países como Iêmen (149º lugar), Argélia (126º), Jordânia (109º) e Índia (105º).


Alguns dos países que mais desrespeitam a liberdade de imprensa estão na Ásia, onde sete países - entre eles, Mianmar (164º lugar), China (163º) e Coréia do Norte (em último com o 168º posto) - ocupam os últimos lugares do índice.


Na região, os países que mais respeitam a liberdade de imprensa são Nova Zelândia (18º), Coréia do Sul (31º) e Austrália (35º).

Fonte: BBC Brasil.com

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Temas para reflexão:

1) Grande parte dos meios de comunicação está nas mãos de políticos. Uma minoria monopoliza a mídia. Nesse sentido, há informação livre e sem manipulação "interesseira"?

2) Por que rádios comunitárias, universitárias precisam ser piratas pela falta de concessão que fica na mão de poucos?

3) É preciso fazer uma reforma "midiática" com redistribuição das mídias para outros setores? (assim como "reforma agrágria").

4) O que acontece a um país que detem monopólio de informações? Por que o Brasil caiu no ranking da liberdade de expressão?

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13.10.06

Senso crítico X produtividade/progresso X excesso

Texto: Do direito à memoria, de Roberto Massei. Leia aqui na íntegra...


"Entretanto, a concepção de educação, predominante, visa moldá-la exclusivamente para a produção, isto é, age como formadora de mão-de-obra "qualificada". A classe dominante vê a educação e a cultura, portanto, como uma questão de mercado. É possível desenvolver o senso crítico sob o império da filosofia do progresso?" (Roberto Massei)

Excesso de informações

“A modernidade transformou o homem em um ser insensível e sem memória; desproveu-o, inclusive, da capacidade de ter uma preocupação com ela. Na Era da Informação o receptor da comunicação de massa é, na verdade, um ser desmemoriado. Recebe um excesso de informações que saturam sua forma de conhecer o mundo; incham-no, pois não há lenta mastigação e assimilação daquilo que é transmitido pela mídia”. (Roberto Massei)


"O indivíduo deve ser capaz de refletir sobre o escrito, permitido-se fazer uma relação entre o real, o ideal e a fantasia, tirando suas próprias conclusões, criando novos conceitos de ver e sentir a realidade".

10.10.06

Censura x senso crítico

Olá alunos de Tópicos Especiais I,

Vamos refletir:

Será que a censura serve para "impedir" o senso crítico?

A censura serve à manipulação de certos interesses?

Qual é o papel da censura numa sociedade dita "democrática"?



Visitem o endereço http://observatoriodacensura.blogspot.com

Leiam os textos, examinem e façam suas observações.

Debateremos, em breve, o tema "Censura x senso crítico" durante as aulas!

Abraços,

Solange

15.8.06

JORNALISMO & POBREZA


O preconceito social na notícia

Por Luciano Martins Costa
Em 11/7/2006

Que o jornalismo impresso se dirige quase integralmente para a classe média, é uma realidade que extrapola a simples percepção e se torna explícita em todas as ações de comunicação, dos editoriais às campanhas de marketing de jornais e revistas. Explica-se parcialmente por questões de mercado. Não se justifica, porém, o fato de a imprensa continuar tratando a chamada base da pirâmide social como uma fatia apartada da sociedade, quase um peso a ser arrastado.

A leitura cuidadosa dos principais jornais de influência nacional e das revistas semanais de informação revela que, quando se distancia do setor mediano da sociedade – formado, no Brasil, por cerca de 50 milhões de indivíduos – , a imprensa olha para cima – onde se deleitam os 5 milhões de ricos – com um misto de deslumbramento e indulgência. Quando olha para baixo, onde sobrevivem 123 milhões de cidadãos, vaza um distanciamento quase hostil.

Alguns jornais regionais, como O Povo, do Ceará, A Tarde, da Bahia, O Popular, de Goiânia e A Notícia, de Joinville, pelo que se pode depreender de suas versões eletrônicas, preservam características de suas comunidades e não apresentam um flagrante preconceito contra as populações menos favorecidas.

O Povo oferece um amplo espaço para problemas comunitários e não costuma vincular pobreza à delinqüência; A Tarde busca um perfil de jornal cosmopolita, com um desenho atualizado, mas não perde ocasião de ilustrar a "bahianidade", dando certo colorido a temas que têm pessoas ou comunidades carentes como protagonistas. A Notícia parece "clean" como a cidade de Joinville, com sua população muito homogênea e sua alta qualidade de vida, mas não esconde os problemas dos bairros pobres. O Popular tem um viés ecológico muito perceptível e aparenta um olhar mais para solidário quando a notícia vem das comunidades desfavorecidas.

Apartheid social

A chamada grande imprensa do Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul, para sermos mais precisos, conversa diretamente com a classe média e tenta manter com ela uma relação de cumplicidade, que pode estar na origem desse viés sutil que denuncia certo desprezo pela maioria que se acotovela na base da pirâmide social.

Não são incomuns referências diretas entre favelamento e criminalidade e condenações apressadas de políticas públicas tidas como assistencialistas. Mas o fenômeno se revela em sua inteireza na aprovação implícita a ações típicas de "higienização social" disfarçadas de restauração urbana, praticadas frequentemente pelas autoridades municipais nas grandes cidades do Sul e Sudeste.

Basta uma leitura do noticiário sobre a "Cracolândia" do centro de São Paulo ou sobre batalhas entre quadrilhas dos morros cariocas para o cidadão mediano ser induzido a interpretações simplistas da complexidade social. Da mesma forma, o noticiário sobre as últimas ações do bando conhecido como PCC e a situação dos presídios deixam escapar eventualmente o viés do "apartheid" social. Os sentenciados e suas famílias são situados em caixas apartadas do nosso grande e diversificado armazém social.

Daí a vicejarem propostas controversas para a solução do "problema da pobreza" é um pulo. A pobreza passa a ser vista como uma questão isolada do universo da classe média leitora de jornais e revistas, o que certamente tende a agravar o distanciamento que naturalmente surge na faixa intermediária da população, que se sente mais vulnerável aos riscos urbanos e não conta com os recursos de defesa privada que têm os habitantes do chamado andar de cima.

A imprensa deveria ser o espaço da educação cívica. Seus praticantes deveriam buscar a vanguarda do conhecimento e desbaratar o emaranhado dos preconceitos, para que cada leitor pudesse encontrar em seu diário ou semanário o estímulo à solidariedade e compaixão – naquele sentido zen que define a capacidade de viver as alegrias e angústias do outro. E não o contrário – a permanente inculpação do outro por suas inseguranças e frustrações. Cada vez que um cidadão de classe média pontifica que "o Brasil é assim mesmo", ou que "bandido bom é bandido morto", grava-se um ponto negativo na distância entre a realidade e o ideal da imprensa.

SBT - Ratinho e anunciantes

Ratinho vira Chacrinha após Silvio Santos cobrar lucro



da Folha Online
29/07/2006


Intimado por Silvio Santos a dar lucro ao SBT, atraindo anunciantes, sem apelar para a baixaria, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, vai se transformar em Chacrinha - pelo menos na aparência.

Neste sábado (29), às 21h30, o "Programa do Ratinho" pretende fazer uma "homenagem ao mestre Abelardo Barbosa, mais conhecido como Chacrinha", nas palavras do SBT.


Vestindo roupas espalhafatosas, Chacrinha (1916-1988) reinou nas tardes de sábado da Globo, nos anos 80, desclassificava calouros acionando uma buzina de mão e popularizou bordões como "Teresinha", "Vocês querem bacalhau?" e "Quem não se comunica, se trumbica".


No programa deste sábado, Ratinho vai usar o tradicional chapéu cartola e os óculos de aros escuros, que eram marca registrada do Velho Guerreiro. Evidente que o programa não vai deixar de explorar a imagem das "chacretes", como eram chamadas as dançarinas batizadas com nomes exóticos e chamativos. No palco, vão estar, por exemplo, Suely Pingo de Ouro, Deise Cristal e Esther Bem-Me-Quer.


Rita Cadillac não foi esquecida. No quadro "Caranga da Madá", Madalena Bonfiglioli, que ficou famosa no extinto telejornal policial "Aqui Agora" (SBT), vai promover o encontro da chacrete e atriz pornô com o cantor Jerry Adriani no centro de São Paulo.


Mas Ratinho não aposta só na nostalgia para levantar o ibope. O programa promoverá mais uma etapa do concurso da garota do funk.


Silvio Santos já ordenou que Ratinho só continuará no ar em 2007 se voltar a dar lucro ao SBT. Essa é a última chance que Silvio Santos dá ao apresentador, que perdeu audiência nos últimos anos e deixou de ter programas diários. O contrato dele só vence em 2008.


O problema de Ratinho não é tanto a audiência (seu programa tem dado sete pontos), mas os custos. Só o apresentador ganha R$ 1,6 milhão por mês. O programa não atrai anunciantes de peso.


SBT decide retirar programas do Ratinho e Kajuru do ar


DANIEL CASTRO
Colunista da Folha de S.Paulo
O conselho executivo do SBT decidiu hoje à tarde retirar do ar o "Programa do Ratinho" e o "Jogo Duro", mesa-redonda apresentada por Jorge Kajuru nas manhãs de domingo. Extraoficialmente, os dois programas, que já não serão exibidos neste final de semana, estão deixando a grade de programação porque dão prejuízo ao SBT.
Carlos Massa, o Ratinho, que custa ao SBT mais de R$ 1,5 milhão por mês só de salário, terá "uma segunda chance". Em setembro, deverá estrear um novo programa que tentará ser comercialmente viável, ou seja, dar lucro. O que não será nada fácil, porque a imagem de Ratinho, ligada à baixaria na televisão, afasta grandes anunciantes.Outra novidade no SBT é a mudança de dia de exibição do humorístico "A Praça É Nossa". O programa passa das noites de sábado para as de quinta-feira.

Crítica TV - Novela "Páginas da Vida"



Crítica: "Páginas da Vida" se iguala ao Ratinho com vídeo do orgasmo



SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
17/07/2006 - 23h50



"Páginas da Vida" se igualou ao programa do Ratinho ao mostrar uma senhora de 68 anos, falando, com seu linguajar simples, sobre o primeiro orgasmo. Pior foi a retórica da Globo, admitindo que "houve excesso" e que submeterá os depoimentos a sua área de controle de qualidade. Ainda existe esse departamento?

A emissora vende a idéia de que a exibição do depoimento no horário nobre foi uma exceção, acidental, que fugiu ao seu "controle de qualidade". Só os ingênuos acreditam nesse discurso. Quem colocou no ar sabia muito bem o efeito desejado. Não seria surpresa nenhuma que se descobrisse que se recebe cachê para dar esse tipo de depoimento.



Lembre-se que a novela começou com ibope baixo. A preocupação da Globo com o texto de "Páginas da Vida" também é tardia. Na quinta-feira, já houve o caso do strip-tease de Ana Paula Arósio com sua personagem implorando ao marido ("Quero uma, duas, três vezes. Vem dormir dentro"). O ibope subiu. Isso é que interessa, na visão dos executivos da emissora.



As chamadas "Senhoras de Santana" podem espernear com a sexualidade desenfreada na TV. Para o Ministério da Justiça, a partir das 21h, lugar de criança é na cama. A novela é recomendada para maiores de 14 anos, grupo capaz de achar qualquer assunto, como sexo, na internet.


Ou seja, a Globo poderá apimentar a novela, sem risco de ser incomodada pelo governo. O telespectador mais conservador vai chiar, mas não deve parar de ver a novela. Afinal, é preciso patrulhar a trama. Vinga a idéia do "fale mal, mas fale de mim". A celeuma ajuda a levantar o ibope.


Para manter vivo o interesse por "Páginas da Vida", principalmente neste início, quando alguns ainda estão de ressaca com o fim de "Belíssima", a novela de Manoel Carlos precisa criar factóides, atraindo a atenção da mídia e, por conseqüência, dos telespectadores.



Primeiro, foi a cena do arrastão no Rio. Depois, o strip-tease da personagem Olívia. Agora, a idosa da "calcinha babada" por "gozar", sozinha, após ouvir uma canção de Roberto Carlos. Ninguém será demitido por isso, mas, bingo, quem não sintonizava a novela poderá sentir curiosidade.



Hoje, o pior da linguagem coloquial invade todos os canais, como SBT e Rede TV!. Até a Record, a chamada TV da Igreja Universal, apela no palavreado e nas imagens sensuais. Sob a desculpa de ser uma obra de realismo, "Páginas da Vida" vai continuar "aloprando" no português e na exploração do corpo.



Claro que soa preconceito social condenar uma "senhora do povo", como a do depoimento do orgasmo, por usar expressões de seu mundo para relatar uma experiência sexual. O público mais recatado odeia termos chulos. A elite até abre licenças "poéticas" para o baixo calão: se fosse filme de Quentin Tarantino e Pedro Almodóvar, tudo bem. Mas novela, não.



"Páginas da Vida" não é uma obra de Nelson Rodrigues (1912-1980), embora Manoel Carlos o imite com o estilo "a vida como ela é". No fim, a novela será julgada pela receita publicitária que gerou. É o que importa para a Globo. Cabe ao público decidir se quer fazer parte desse jogo.



Leia mais
•· Globo admite que "Páginas da Vida" apela e promete controle
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· Globo esquenta ibope de "Páginas da Vida" com nudez

14.8.06

Qual é o Problema?

Um dos maiores choques de minha vida foi na noite anterior ao meu primeiro dia de pós-graduação em administração. Havia sido um dos quatro brasileiros escolhidos naquele ano, e todos nós acreditávamos, ingenuamente, que o difícil fora ter entrado em Harvard, e que o mestrado em si seria sopa. Ledo engano.

Tínhamos de resolver naquela noite três estudos de caso de oitenta páginas cada um. O estudo de caso era uma novidade para mim. Lá não há aulas de inauguração, na qual o professor diz quem ele é e o que ensinará durante o ano, matando assim o primeiro dia de aula. Essas informações podem ser dadas antes. Aliás, a carta em que me avisaram que fora aceito como aluno veio acompanhada de dois livros para ser lidos antes do início das aulas.


O primeiro caso a ser resolvido naquela noite era de marketing, em que a empresa gastava boas somas em propaganda, mas as vendas caíam ano após ano. Havia comentários detalhados de cada diretor da companhia, um culpando o outro, e o caso terminava com uma análise do presidente sobre a situação.


O caso terminava ali, e ponto final. Foi quando percebi que estava faltando algo. Algo que nunca tinha me ocorrido nos dezoito anos de estudos no Brasil. Não havia nenhuma pergunta do professor a responder. O que nós teríamos de fazer com aquele amontoado de palavras? Eu, como meus outros colegas brasileiros, esperava perguntas do tipo "Deve o presidente mudar de agência de propaganda ou demitir seu diretor de marketing?". Afinal, estávamos todos acostumados com testes de vestibular e perguntas do tipo "Quem descobriu o Brasil?".


Harvard queria justamente o contrário. Queria que nós descobríssemos as perguntas que precisam ser respondidas ao longo da vida.


Uma reviravolta e tanto. Eu estava acostumado a professores que insistiam em que decorássemos as perguntas que provavelmente iriam cair no vestibular.
Adorei esse novo método de ensino, e quando voltei para dar aulas na Universidade de São Paulo, trinta anos atrás, acabei implantando o método de estudo de casos em minhas aulas. Para minha surpresa, a reação da classe foi a pior possível.

"Professor, qual é a pergunta?", perguntavam-me. E, quando eu respondia que essa era justamente a primeira pergunta a que teriam de responder, a revolta era geral: "Como vamos resolver uma questão que não foi sequer formulada?".

Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas e definidas, por uma razão muito simples: é mais fácil para o aluno e também para o professor. O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que tem solução para tudo. E os alunos, por comodismo, querem ter as perguntas feitas, como no vestibular.

Nossos alunos estão sendo levados a uma falsa consciência, o mito de que todas as questões do mundo já foram formuladas e solucionadas. O objetivo das aulas passa a ser apresentá-las, e a obrigação dos alunos é repeti-las na prova final.

Em seu primeiro dia de trabalho você vai descobrir que seu patrão não lhe perguntará quem descobriu o Brasil e não lhe pagará um salário por isso no fim do mês. Nem vai lhe pedir para resolver "4/2 = ?". Em toda a minha vida profissional nunca encontrei um quadrado perfeito, muito menos uma divisão perfeita, os números da vida sempre terminam com longas casas decimais.

Seu patrão vai querer saber de você quais são os problemas que precisam ser resolvidos em sua área. Bons administradores são aqueles que fazem as melhores perguntas, e não os que repetem suas melhores aulas.

Uma famosa professora de filosofia me disse recentemente que não existem mais perguntas a ser feitas, depois de Aristóteles e Platão. Talvez por isso não encontramos solução para os inúmeros problemas brasileiros de hoje. O maior erro que se pode cometer na vida é procurar soluções certas para os problemas errados.


Em minha experiência e na da maioria das pessoas que trabalham no dia-a-dia, uma vez definido qual é o verdadeiro problema, o que não é fácil, a solução não demora muito a ser encontrada.

Se você pretende ser útil na vida, aprenda a fazer boas perguntas mais do que sair arrogantemente ditando respostas. Se você ainda é um estudante, lembre-se de que não são as respostas que são importantes na vida, são as perguntas.


Autor: Stephen Kanitz
Editora Abril, Revista Veja, edição 1898, ano 38, nº 13, 30 de março de 2005, página 18.

Senso comum versus Ciência


por Marcelo Druyan*




Pessoas, em geral, recorrem a suas próprias observações dos fatos cotidianos para constituir um conjunto de conhecimentos que lhes permita entender, de forma mais ou menos ordenada, como funciona o mundo em que vivem. Algumas, mais que outras, defendem este empirismo como critério da verdade e tendem a adotar o senso comum em detrimento do conhecimento científico.
Esta "ciência particular" tem seus desdobramentos em filosofias pessoais, nas quais as generalizações levam a visões de mundo que se afastam ainda mais do conhecimento científico e aproximam-se do misticismo e da pseudociência. Ainda, o empirismo descolado do pensamento crítico reúne afinidades que logo fazem surgir os líderes carismáticos, os falsos cientistas, as publicações de caráter duvidoso e todo um séqüito de crédulos. Ora desvirtuam os conhecimentos científicos e se apropriam indebitamente do rótulo da ciência; ora atacam o racionalismo científico por sua incapacidade de conceber o "transcendente".
Não fossem os casos que, nesse contexto, tornam-se matéria policial, eu diria que o empirismo acrítico do senso comum é um problema educacional. Um estado laico deveria fomentar o desenvolvimento da educação científica.
Empirismo
Se eu acreditasse em deus, afirmaria que ele nos deu o sol para que aprendêssemos a valorizar menos o senso comum e mais o pensamento científico. Se observarmos a posição do sol durante o dia, veremos que ele se movimenta ao redor da Terra. Isto é empírico. Nasce de um lado, move-se durante o dia e se põe de outro lado. Entretanto, a ciência nos mostra que este movimento é aparente, apenas uma ilusão. O contrário é verdadeiro. A Terra gira em torno do sol e isso é explicado pela lei da gravitação universal.
Se encontrarmos uma barra de metal e uma barra de madeira, expostas á uma temperatura ambiente de 15 graus, e tocarmos em ambas, o metal parecerá mais frio do que a madeira. Concluiremos, empiricamente, que o metal está mais frio do que a madeira. Mera ilusão. Na verdade, o metal é melhor condutor de calor que a madeira e, por isso, o fluxo de calor que sai de nossa mão é maior quando tocamos o metal. Logo, o equilíbrio térmico entre a mão e o metal acontecerá mais rápido e, embora tudo indique que o ferro esfriou nossa mão, na verdade, foi nossa mão que aqueceu o ferro pela transferência de calor. Isso é explicado pelo princípio da condutibilidade térmica.
Assim como o sol e a barra de ferro, existe em nosso dia a dia uma série de acontecimentos que sugerem, empiricamente, uma explicação que não corresponde à realidade, ou seja, aos princípios comprovados pela Ciência ou investigados por ela. Nossos sentidos não são, e nunca foram, os melhores instrumentos para operar o desvio do concreto. Para completá-los ou suplementá-los, existe a ciência.
É claro que esta regra não é absoluta e se aplica a casos especiais. Se eu encontrar uma barata no banheiro, não preciso levá-la a um especialista para, só depois, esmagar a cabeça dela. O que quero salientar é que os defensores da "experiência pessoal", do empirismo descolado do pensamento crítico, normalmente enxergam fantasmas onde existem apenas sombras.
Ensinando a pensar
O melhor que podemos fazer a favor da Ciência é lutar pela qualidade do Ensino e ensinar as pessoas a pensar. Isso não significa arrebatar seguidores ou doutrinar a favor de nossas convicções. Ao contrário, o pensamento crítico permite uma independência que não isola, um raciocínio baseado no conhecimento da lógica, uma personalidade inquiridora, uma investigação que procura evidências sólidas.
Ao ensinarmos a pensar, formaremos gerações que nos sucederão no tempo, que apontarão nossas falácias, nossos erros e darão prosseguimento à superação contínua do conhecimento pelo conhecimento.
O pensamento crítico é a arma mais poderosa da Ciência e a única que deveria entrar nas salas de aula.



* O autor é editor do e-zine e membro ativo da lista CeticismoAberto

Paradigmas...

Vida: viver a crise de paradigmas

Por Virgínia Machado


Resumo: este texto tenta demonstrar a relação existente entre o senso crítico, tratado pelas reflexões acadêmicas e o senso comum, vivenciado por todos nós. Queremos validar o conhecimento vital, que busca na racionalidade conteúdo e forma para compreender-se e ao mundo.
Introdução
Imediatamente ao pensar sobre o que escrever sobre a vida, já me ocorre que vida e crise[1] são quase que sinônimos, mas isto poderia ser a conclusão desta reflexão. Bem, mesmo assim ela motiva a narrativa de uma reflexão que vem sendo feita já há algum tempo. Derramá-la em palavras no papel pode ajudar-me na permanência reflexiva. Tem sido consenso, desde o senso comum ao senso crítico, e deste àquele, a consciência de que vivemos uma crise desencadeada por acontecimentos bombásticos ocorridos no século passado. Esta consciência toma vulto no pós II Guerra Mundial[2]. Havia a necessidade de reconstrução das sociedades mais atingidas. Mas elas jamais seriam as mesmas. A crise provocada por aquela guerra conseguiu reerguer nações materialmente, mas o espírito fundado pelo homem da razão, emergido do Renascimento e da Revolução Francesa, o mesmo que organizara a sociedade burguesa, falira. Este já não sustenta a legalidade de suas certezas científicas, éticas e estéticas (Habermas, 1988). Leia mais...

12.8.06

Monografia e ABNT

REDAÇÃO CIENTÍFICA: A Prática de Fichamentos, Resumos, Resenhas
João Bosco Medeiros
328 páginas - 7ª Edição (2006) - 2ª Tiragem

Sinopse:Como realizar um fichamento, resenhar e resumir uma obra literária ou científica - A resposta para esta e outras perguntas que atormentam os alunos dos primeiros anos dos cursos superiores são encontradas neste livro. A elaboração de pesquisa bibliográfica também é motivo de estudo.







Abaixo links para sites sobre monografia e ABNT com dicas para elaboração de TCC, pesquisas, projetos, dissertações, monografias etc (acesso em 11 jan 2006).

Regras ABNT (Site Monografia)

Fichamentos

O que é resumo?

Resumo, como se faz?

Resenha, como se faz?

Resumo/Resenha

Fazendo uma resenha


Metodologia Científica- Estrutura de TCC


Como fazer referências bibliográficas


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)



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É importante pesquisar várias fontes!

11.8.06

Consciência crítica...

...Quando se fala em ‘formação da consciência crítica’ ou em "conscientização", o termo "consciência " não significa tampouco formação de uma consciência científica. Consciência não e sinônimo de ciência e não se pode dizer sem mais que a transmissão da ciência cria uma consciência crítica. Muitas vezes ela nem modifica a consciência, a qual pode muito bem continuar imersa em explicações mágicas que tenham aparência científica, ou continuar paralisada pela inércia da apatia ingênua ....

...Normalmente, opõe-se ao conceito de atitude crítica o termo atitude ingênua. A ingenuidade ou falta de senso crítico é, às vezes, mítica, enquanto se baseia em explicações fora da realidade, e muitas vezes participa simplesmente do senso comum, ao qual adere sem maiores considerações...

...Sabemos que o senso comum é a maneira habitual de pensar e agir ou reagir dentro de uma coletividade humana. Outros grupos ou outras coletividades podem muito bem pensar ou agir diversamente, e têm assim outro senso comum. Além disso, a constância e profundidade do senso comum podem ser tão importantes que o grupo se julga dividido e agredido quando alguém pensa ou age diversamente, e expulsa os dissidentes. Neste sentido o senso comum une fortemente um determinado grupo humano, e forma a base de sua unidade ... Leia mais...


Rogério de Almeida Cunha - UFMG

14.7.06

DOSSIÊ GUGU - Por uma comunicação mais democrática


30.09.2003

Ao proibir a veiculação do "Domingo Legal", a Justiça extrapolou suas funções?



SIM
Rubens Approbato Machado
Presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil

A democracia elege como fundamento político e ético o direito ao livre acesso à informação. Esse direito ao livre acesso se eleva à categoria de direito fundamental, tendo a Constituição Federal firmado que a liberdade de expressão da atividade de comunicação independe de censura ou licença. A esse direito de livre acesso à informação têm sido impostos limites nas legislações modernas, particularmente na esfera da privacidade.

Diante da tendência crescente dos abusos que se cometem em nome da liberdade de expressão, urge repensar o sistema de gestão da informação e rever a participação do poder público como instrumento de controle democrático dos meios de comunicação. O papel do Estado em relação aos meios de comunicação eletrônicos deve ultrapassar seu raio de ação como poder concedente. Deve o Estado prover os meios para controlar de maneira mais atenta e rigorosa as concessões de autorização de emissoras de rádio e TV, os conteúdos de sua programação e propiciar a maior democratização dos meios, a fim de evitar sua alta concentração. Leia na íntegra...




Ao proibir a veiculação do "Domingo Legal", a Justiça extrapolou suas funções?

NÃO
Luiz Flávio Gomes
Doutor em direito penal

Seria uma enorme ilusão supor que programas televisivos marcadamente mercantilistas (que só pensam em lucros imediatos e audiência) nos transmitissem grandes lições de civismo e de moralidade intocável. Mas para tudo há limites, e cada qual deve assumir a responsabilidade pelo que faz.

Se na ditadura funciona a censura, na democracia não pode prosperar a farsa ou o crime. No programa do Gugu Liberato, ao se forjar uma entrevista bombástica (e perversamente ameaçadora) com dois supostos membros do PCC, ultrapassaram-se todas as fronteiras do razoável ou do tolerável. Leia na íntegra...

Domingo Ilegal III - Audiência e "picaretagem"

23.09.2003

DOMINGO ILEGAL
Audiência e "picaretagem" em alta

Felipe Lemos (*)

Sabe aquelas empresas ou ramos de atividade nos quais as pessoas depositam pouca ou praticamente nenhuma credibilidade? Movimentam até altas somas de dinheiro, porém eticamente ou moralmente estão destituídas do mínimo respeito ou consideração? Pois é. O fato é que a televisão brasileira dá, cada dia, mais um passo em direção a esta realidade, e ganha perigoso status de "picaretagem". Na verdade, não é um fato isolado aqui ou ali gerado por alguns programas noticiosos ou de entretenimento, mas um conjunto de trapalhadas, má intenção e ardor por lucratividade decorrente de índices elevados de audiência que estão retirando gradativamente a credibilidade da "telinha". Leia na íntegra...

Domingo Ilegal II - Censura

23.09.2003
DOMINGO ILEGAL
Controle social, sim;censura, jamais

Deonísio da Silva

Era o dia 7 de setembro de 2003 e aquele era um domingo legal. O Brasil inteiro comemorava 181 anos de independência política. É verdade que a independência econômica e a reforma agrária estão demorando mais do que o esperado. Continuam dependentes do velho esquema das capitanias hereditárias, implantadas ainda no século 16. À semelhanças daquele antigo modo de repartir um país tão grande entre tão poucos, também as televisões operam no regime de concessão. Mas, alto lá! A parecença se esgota aí. As concessões num regime democrático não são imunes ao Parlamento e ao controle do Judiciário.

Ainda que grandes contingentes do povo brasileiro semelhem o célebre bovino do quadro, que não entende o que ali se passa, ninguém pode tascar o direito de celebrar o avanço já obtido para substitui-lo pelas lamentações do atraso, daquilo que ainda não se pôde alcançar, como a instrução pública estendida a todos. A força vem das conquistas, servindo de estímulo às lutas presentes e futuras. O pessimista pode ser visto também como aquele que perde antes de travar a luta.

Mas no programa apresentado por Gugu Liberato, em vez do "grito do Ipiranga", tivemos os gritos de falsos bandidos, encapuzados e armados diante das câmeras. Para quê? Falsos os bandidos, eram verdadeiras as ameaças? Questões mal formuladas levam a respostas equivocadas. Não, a batalha era por audiência na televisão, como se o rebaixamento fosse compulsório para elevar seus índices, e os telespectadores não tivessem nenhum aparelhamento intelectual que lhes permitisse inferir que ali havia dente de coelho. Leia na íntegra...

Domingo Ilegal I - Manipulando informações

23/09/2003

DOMINGO ILEGAL
A quem interessa formar senso crítico?

Sylvia Moretzsohn (*)

A oportuna lembrança de recentes episódios que misturam ficção e realidade envolvendo a trama da (e o noticiário sobre a) novela das oito ajuda a redirecionar a discussão em torno do escândalo promovido pelo programa do Gugu. Mas parece que o professor Muniz Sodré esquece um de seus principais argumentos, ao afirmar que esse "claro sintoma histórico de resvalamento do real para o imaginário" é "vigiado apenas pela imprensa": justamente, no caso da novela, a imprensa – ou pelo menos a parte dela vinculada às Organizações Globo – é cúmplice desse processo.

Talvez faltasse destacar um detalhe nada insignificante: o de que esse "curto-circuito entre imaginário e real" seja condenado apenas quando assume ares agressivos, contra a "cultura da paz". Pois, nesses tempos em que o Estado oferece como imagem-símbolo de seu projeto de desarmamento a cena da destruição de armas de brinquedo, a mistura entre realidade e ficção é sempre saudada quando voltada para o "bem". Chega a ser uma expressão de civismo, com direito à integra do Hino Nacional fechando a cena.

E o grave efeito disso tudo – a debilitação da capacidade do senso comum de "fazer a distinção (...) entre o que efetivamente acontece e as simulações do acontecimento", isto é, o enfraquecimento da possibilidade de formação de um senso crítico – continua a produzir seus estragos mais profundos.

Mas a quem interessaria a formação de um senso crítico, não é mesmo?

Mídia e sistema penal
Se puxarmos um pouco pela memória, veremos que esse enorme iceberg já mostrou suas pontas inúmeras vezes, fornecendo pautas extensas para as capas dos cadernos autodenominados de "cultura", que se espantam com o festival de baixarias produzido na briga pelo Ibope. Depois tudo retorna ao seu leito "natural", isto é, o leito do mercado, que é onde se forjam esses escândalos.

Ocorre que os programas sensacionalistas não são autônomos, não existem apenas pela vontade de seus apresentadores e patrocinadores. Fazem parte do modo predominante de conduta da televisão comercial. Por isso, não creio que devamos "acompanhar mais de perto" apenas esses programas, mas a programação ela mesma, de modo abrangente. Talvez aí identifiquemos os vínculos que unem os programas de escândalo a outros – inclusive jornalísticos – aparentemente inocentes e até elogiados como porta-vozes dos direitos do cidadão.

É importante lembrar também que, no campo da comunicação, existem vários estudos a respeito de programas policiais e das relações mais gerais entre mídia e sistema penal, que podem fornecer argumentos importantes para esse necessário acompanhamento.


(*) Jornalista e professora de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense

Texto: Como filtrar a influência dos professores?


Desenvolver o senso crítico é fundamental no processo de aprendizagem
Publicado em 21/03/2006 - 00:01


"Na universidade a gente descobre novas idéias, pensamentos revolucionários, amizades diversificadas. E os professores têm grande influência nesse processo de absorver novas concepções e visão de mundo. Mas a gente não pode ir absorvendo tudo, sem senso crítico. A questão é: como aprender a filtrar as informações transmitidas em sala de aula, fazer com que essa influência seja positiva e que não nos deixe sem opinião própria? Leia mais...

É preciso duvidar de tudo...


O livro "'É preciso duvidar de tudo" é um conto inacabado de Kierkegaard sobre as inquietações do jovem Climacus, arrebatado por uma insólita paixão pela Filosofia.

Coleção: Breves Encontros
Autor: Soren Kierkegaard
Editora: Martins Fontes
1a edição, 2003.

Livro - Senso Crítico


Senso Crítico - Do dia-a-dia às ciências humanas

Autor: David William Carraher

Editora: Thomson Pioneira

5a Edição, 1999.



Sugestão de leitura para professores e estudantes dos cursos de Ciências Sociais e Humanas, para profissionais das diversas áreas de Comunicação, para homens públicos e todos interessados em desenvolver sua capacidade de raciocínio e habilidades analíticas. Seu interesse é especialmente voltado para áreas de Metodologia Científica e pesquisas em geral.

Livro - Senso Comum - Thomas Paine

Resumo
por Guilherme Santos


"Na sua introdução ao Senso Comum, Thomas Paine afirma que a causa da América é a causa de toda a Humanidade. Ele afirma que as situações que surgem são universais, e que afectam todos - de um maneira ou outra, directa ou indirectamente.
Os comentários por ele feitos são tão relevantes hoje como eram há 230 anos atrás. Paine escreveu que o Governo, no seu melhor, era um mal necessário, causado pela malvadez do ser humano, destinado a restringir os vícios da cidadania.
A força do Governo, e a satisfação dos governados, dependia do eleitorado, e os eleitos suportavam os outros, mantendo o interesse comum da sociedade em primeiro lugar - nomeadamente a liberdade e a segurança. A Inglaterra e a sua Constituição falharam em concretizar isto, segundo Paine.
Haviam duas tiranias na Lei Britânica - a monarquia e a aristocracia. Estas eram formadas por pessoas independentes, e nada contribuiam para a liberdade. O Rei, por natureza, é afastado da plebe (povo) e dos meios de comunicação social, mas mesmo assim destinado a agir no interesse do povo.
Paine contesta que a Realeza havia sido uma das invenções mais bem sucedidas do Diabo, introduzida logo nos primeiros tempos do Homem e copiada depois pelas crianças de Israel. Aqui está um homem, igual a qualquer outro, pronto para honras e riquezas acima de qualquer outro compatriota. Esta exaltação não pode ser justificada de forma natural e, consequentemente, não pode ser justificada ou defendida pela tradição.
A vontade de Deus parece claramente contra o Governo de Reis. E enquanto a Inglaterra teve bons Reis, o seu País gemeu sob o fardo de muitos mais maus Reis. O Rei parecia útil apenas para uma coisa - fazer a Guerra e doar terras. E por isto ele recebia 800 mil libras esterlinas ao ano, além da veneração dos seus súbditos. Um óptimo negócio, para um homem só. O estado dos assuntos nas colónias foi o resultado desta disparidade. Gerações foram-se preparando discretamente, aguardando uma controvérsia entre Inglaterra e as suas colónias.
O Senso Comum ditava que a América iria florescer quando estivesse fora do peso da Monarquia, e o comércio e amizade com toda a Europa seria possível. Em Senso Comum, Paine descreve o futuro do Governo Americano, da Presidência ao Congresso.
Paine apela a todos os cidadãos de colónias para que ponham de lado as suas 'etiquetas' de subalternos, e que se unam como um só país: uma América livre e independente. A independência é a única coisa que pode unir as colónias umas às outras contra a tirania do controlo Britânico. Tal como era antes, é hoje. Nós fomos, e somos, um povo diverso, unido pelo laço comum da liberdade".

Livro - Educação e senso comum...


Educação: Do senso comum à consciência filosófica
Autor: Dermeval Saviani
Coleção: Educação Contemporânea
Editora: Autores Associados
12a edição, 1996.

Livro: Como o senso comum compreende a filosofia

Autor: Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Editora: Paz e Terra (2006)

Para Hegel a consciência de si e do outro vem com a reflexão e o esforço do pensamento. A esse esforço que reconhece a própria contingência, mas a inclui no seu trabalho mental, o autor opõe os argumentos de Krug contra o idealismo transcendental. Irozinando e citando exemplos cotidianos, Hegel contesta as exigências de 'bom senso' de seu opositor. A agradável leitura exige alguns conceitos básicos para ser compreendida em toda a extensão de sua crítica. Importante para fundamentar a necessidade de rigor na reflexão filosófica no ensino médio.

Vamos refletir?

“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”


(Marilena Chaui)
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Disciplina: Tópicos Especiais I
Professora: Solange Pereira Pinto

EMENTA
Importância do senso crítico na sociedade. A leitura ativa, analítica e crítica de textos. Análise do senso comum. A manipulação de informações e os formadores de opinião no dia-a-dia. A construção do conhecimento científico e sua finalidade. Visão ampla das informações e da comunicação no contexto sócio-cultural.

OBJETIVO GERAL
Possibilitar o desenvolvimento do raciocínio e capacidade crítica do indivíduo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Possibilitar aprendizagem sobre:
- A formação do senso crítico, sua origem e possibilidades.
- A responsabilidade individual no âmbito coletivo e social
- Ampliação do olhar sócio-cultural e da “visão de mundo” a partir de leituras críticas
- O indivíduo, a família, a escola/a ciência, a sociedade, o estado como sujeitos do desenvolvimento crítico.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Análise do discurso textual escrito, oral e não verbal.
Senso comum. Crenças. Senso crítico.
Pensamento lógico. Ciência.
Mídia, informação, censura, entretenimento, comunicação e manipulação.
Globalização, internet, produção do conhecimento em rede.