13.9.08

Abaixo o hábito de ler

Por Solange Pereira Pinto (escritora, professora e arte-educadora)


A escola da minha filha tem um programa de leitura chamado ciranda do livro. O objetivo é que cada criança pegue uma obra para ler no fim de semana e faça, na apostila encadernada em espiral, uma atividade pré-determinada (desenhar uma passagem, escolher um personagem favorito, ilustrar a idéia principal, fazer um breve resumo etc.).

Imagino que nem todos os alunos façam a tarefa de bom grado. No início a escola tentou uma competição: a criança que pegasse mais livros na biblioteca ganharia um prêmio ao término do período X. Minha filha logo chiou: “mamãe, assim não vale. Tá muito chata essa história de quem lê mais. Tem gente que só pega livrinho fininho e com muita figura pra ler rápido e pegar outro. Eu que escolhi pelo título, por que achei interessante a história, vou perder. O meu livro é muito mais grosso que os outros!”, choramingou.

Tinha ela razão. Vencer a competição era o objetivo das crianças sob o pretexto da escola de formar o hábito da leitura e quiçá cidadãos do futuro. Nesse meio tempo, crítica daqui, chororô acolá, ficou difícil para a professora lidar com a manobra “pedagógica”, deslindada pela pequena estudante.


O projeto competitivo saiu de cena e a apostila em espiral continuou seu trajeto, às sextas-feiras, mochila adentro; só que agora sem a pressão de se ser o primeiro lugar no ranking de “leituras lidas”. Algumas crianças ficaram aliviadas. Alguns pais também. Ufa!

Chegado o dia de mais uma escolha, minha menina, que se chama Ana (Luísa) optou por pegar um livro chamado Ana e Ana, segundo as palavras dela “achei pela capa que podia ser interessante”. E era. Aliás, é!

O livro de Célia Godoy, ilustrado divinamente por Fé, narra a história das gêmeas Ana Carolina e Ana Beatriz, que idênticas na aparência tentavam se distinguir por cores, roupas, adereços, ainda que “por dentro” fossem bem diferentes nos gostos e afinidades com o mundo. Cresceram e cada uma tomou um rumo, até que...

Até que eu parei para pensar se a leitura é um “hábito-ato” possível de se formar em alguém. Sendo professora há algum tempo e exatamente na área de produção de textos, leitura e interpretação, recordei das principais dificuldades e justificativas dos meus alunos quando perguntados sobre o tal, difundido, alardeado: hábito de ler!

Em geral, se apontam desconcentração, sono, preguiça, falta de exemplos familiares, ausência de livros em casa, dificuldade de entendimento, cansaço, visão embaralhada, e, principalmente, falta de tempo! Questionados sobre este último item, respondem: “ah, professora tem muita coisa melhor a fazer do que ler, como ver TV, praticar esportes, sexo, passear, navegar pela internet...”.

“– Mas céus! Vocês não gostam de ler nada?”, re-interrogo.
“– Também não é assim. A gente lê sobre o que gosta ou sobre o que precisa”.

Se tempo é uma questão de prioridade, e nele a gente ocupa primeiro o que dá prazer ou necessita, aonde entra o esforço pedagógico de formar o hábito de ler? Creio que na vala comum.

Diz o companheiro Houaiss que hábito é “maneira usual de ser, fazer, sentir, individual ou coletivamente; costume, regra, modo, maneira permanente ou freqüente, regular ou esperada de agir, sentir, comportar-se; mania”.

Ora, formar o hábito de ler para quê?

Em certa medida, quem tem uma formação escolar considerada razoável (sei lá o que isso significa) lê o que lhe atrai. Jornais, almanaques, cadernos de esporte, revistas semanais, publicações de fofocas etc, estão pelas esquinas e bem amassadas, indicando que mãos e olhos passaram por ali.

E daí?

Nada!

O hábito de ler, melhor formulando, a prática de ler não significa em essência nada. O costume de ler pode ser um desábito de adquirir conhecimento. Entrar no piloto automático da leitura não traz por si só transformação.

Se ler é um dos caminhos para se chegar ao conhecimento de determinado fenômeno, idéia, verdade, ler por ler é no máximo chegar à aquisição de dados brutos e informações superficiais, massificadas, deglutidas por seus autores para todos.

Hoje deveríamos por em pauta, conclamar, não o desgastado hábito de ler, mas sim o hábito de pensar, o hábito de querer saber, o hábito de ser curioso. Se os próprios considerados – pelos professores – não-leitores admitem ler o que lhes interessa, óbvio seria despertar antes a vontade de conhecer. Ler, por hábito, deveria deixar de ser regra de conduta apregoada pelas escolas. Transformar o pensamento e ampliá-lo por desejo, deveria ser a etiqueta.

Ler é mera conseqüência. A causa é querer sair do lugar-comum, voar sem tirar o pé do chão, pensar para existir... Meu hábito maior é “Ser” e por isso eu leio muito. Dessa forma, vou me desabituando de mim para me habituar às minhas releituras...





(Tirinha criada especialmente para este texto por minha amiga Creisi - veja outras tirinhas aqui)
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Elabore exemplos de como atividades educativas podem surtir efeitos contrários ao desejado.
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19 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Um leitor proficiente não consegue ler 'no piloto automático'.
Sou educadora há 21 anos e ainda não vi uma pessoa que pudesse ler apenas o que goste! Para passar num concurso, por exemplo, há, mais que se ler! Há que se estudar muito para conseguir a vaga tão concorrida. Leio até dicionário e aprendo com isto e é esta leitura de mundo que passo adiante aos meus alunos!!! "Abaixo o hábito de ler"; Será que tema ver com um presidente analfabeto funcional?
Lamentável!!!!
Débora Moreira Bertolot Marques Pedagoga e Fonoaudióloga, DF.

Fernanda disse...

Bom, eu não sou pedagoga, fonoaudióloga ou o que valha. Aliás, título pouco importa para quem tem o desejo de ler. É que sem desejo o sujeito morre, diz a psicanálise, e é de palavras cheias de sentidos, significados, significantes que eu vivo. Há quem leia no piloto automático sim, pois eu bem já escutei de um aluno - repito que meu título aqui pouco importa, mas o fato de eu ser cidadã - ao final de um parágrafo que havia pedido para que ele lêsse: "ah, era pra entender também?". Minha cara de cidadã ficou passada, amarrotada, transtornada porque, títulos à parte, era uma turma de graduação. Sim, gente alfabetizada, porém semanticamente iletrada. Lexos à parte, de que presidente será que nossa amiga pedagoga e fonoaudióloga do Distrito Federal esta falando? Porque o presidente do meu país, aposto, é muito mais letrado do que muito pedagogo e fonoaudiólogo que por ai existe, de formação universitária deficiente como a que descrevi acima. Fodam-se os títulos!
Fernanda Ramirez, cidadã!

\o/ disse...

Querida Débora,

Fico lisonjeada quando um texto meu implica em polêmica, pois é sinal de que o assunto merece debate. Dessa forma, vejo satisfeito o meu desejo de criar reflexão nas pessoas (e o desejo de ler), embora saiba que nem todas conseguirão aprofundar nas questões essenciais.

Para esclarecer a sua dúvida sobre o presidente (que eu não diria ser o Lula, porém consigo perceber na sua entrelinha preconceituosa que é dele que você fala), eu realmente nem me lembrei (dele) ao escrever o texto.

Na verdade, eu me lembrei de professores, pedagogas, assistentes de sala de aula, com muitos e muitos anos de profissão, ou mal formados, que ficam criando estratégias enganosas de leitura. Eu quis fazer uma denúncia sobre o fato de a leitura ser algo mais do que escovar os dentes, tomar banho, almoçar ao meio-dia. Eu compararia mais com um sexo bem-feito, aquele por tesão e não por “obrigações conjugais”.

Eu confesso que não leio o que não gosto. Ler para mim passa pelo prazer e pela curiosidade. Se eu tenho interesse em um tema, por mais difícil que seja a leitura, irei até o fim. Se eu tenho necessidade de ler um texto para o trabalho, por exemplo, não tenho como achar desgosto, pois eu trabalho naquilo que gosto.

Eu até entendo que tem um monte de gente estudando os “direitos” da vida, não para entender sobre os direitos da vida em si, mas para passar num concurso público ainda que tenham feito uma outra graduação qualquer, visando um trabalho longe da área de formação apenas por grana.

Gente frustrada e sem amor pelo que faz é o que mais vemos nestes dias capitalistas e a leitura parece ir pelo mesmo ralo: quantidade. Hábito, infelizmente.

Ah, para finalizar, discordo de você quando diz que “um leitor proficiente não consegue ler 'no piloto automático'”, visto que não somos hábeis para tudo, apenas para o que de fato gostamos ou nos interessa. Eu não conseguiria ler sobre assuntos que não me atraem, embora seja uma leitora capaz de entender sobre vários temas. Inclusive, só para citar, detesto Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz. Traumas do ensino médio. Deixa pra lá (cá entre nós eu tinha umas professoras carolas que gostavam de “obrigar” a ler para criar “hábito”). Hoje eu não os recomendo (nem a elas) nem morta!

Espero que eu tenha esclarecido um pouco sobre o texto, que pensei equivocadamente que estivesse claro. E, lamentavelmente, estudar para concurso público (buscando apenas estabilidade e salário) é para mim uma leitura no piloto automático...


Abraços,

Solange

Unknown disse...

Caros colegas, Fernanda...Não 'passei' 7 anos em cadeira de faculdade para ter apenas umm diploma.Ao contrário, venho de uma família média-baixa e, Graças a Deus, fiz os dois cursos trabalhando o dia inteiro e estudando até as três da madruga!Percebo ainda que seu vocabulário não é lá pra ser comentado. Valorizo SIM meus títulos, pois foi com suor e não como sindicalista que os obtive. Fábio, o Sr. Presidente é apenas uma marionete... quem não lembra da frase famosa: "eu não sei de nada". Título, Fernanda, o Sr. Lula obteve sem sequer ter passado um mês numa cadeira dura de faculdade, depois de trabalhar oito horas com crianças, e mais 3 horas em transporte público entre ir e vir do trabalho/ faculdade!
Solange, querida, minha crítica vêm justamente em função da minha pós -graduação (+ um título que estou suando pra ter por merecer, Fernanda!)na UNB. Em seu próprio texto você relata uma série de GÊNEROS LITERÁRIOS, que um professor-educador já se empoderou deste connhecimento e os utiliza como leitura: LEITURA DE MUNDO!
"Até que eu parei para pensar se a leitura é um “hábito-ato” possível de se formar em alguém. Sendo professora há algum tempo e exatamente na área de produção de textos, leitura e interpretação, recordei das principais dificuldades e justificativas dos meus alunos quando perguntados sobre o tal, difundido, alardeado: hábito de ler!

Em geral, se apontam desconcentração, sono, preguiça, falta de exemplos familiares, ausência de livros em casa, dificuldade de entendimento, cansaço, visão embaralhada, e, principalmente, falta de tempo! Questionados sobre este último item, respondem: “ah, professora tem muita coisa melhor a fazer do que ler, como ver TV, praticar esportes, sexo, passear, navegar pela internet...”."
VEJA, um filme, uma obra de arte, gibis, tirinhas, revistas, parlendas, piadas, NAVEGAR NA INTERNET...percebe o que é atualmente o sentido de leitura e letramento? Com Certeza sua Ana lê +++++ do que você imagina! Com todas estas leituras, o educando se apropria da norma culta e a transfere para a escrita, que é o MAIOR objetivo da leitura: ler bem, para screver bem!!*.*
Um abraço carinhoso!
Débora, educadora, fonoaudióloga e cidadã também! rs...~.~

\o/ disse...

Oi, Débora!

Foi bom você ter voltado aqui. Sinal que o tema lhe interessou muito! Fico feliz!

Seu novo comentário me fez ver (ainda mais) como nossas escolas estão despreparadas quanto á formação de pessoas. Ela são mecanicistas, conteudistas, voltadas à formação de mão-de-obra, concurseiros, e não de cidadãos.

Saber escrever é nada! Creia. Saber entender é mais. Pense. Letramento não é saber ler e está bem longe disso. Letramento não é saber escrever corretamente, como você analisa. Indico para você uma autora que fala (e muito bem) sobre o tema: Magda Soares. E, sobre ‘preconceito lingüístico’ (acerca de pessoas que se comunicam fora da norma culta), eu lhe indico livro de Marcos Bagno (o livro é bem fininho, rapidinho você lê!)

Veja sua frase “com todas estas leituras, o educando se apropria da norma culta e a transfere para a escrita, que é o MAIOR objetivo da leitura: ler bem, para screver (sic) bem!!*”. Você realmente acredita que alguém aprenderá (ou apropriará) da norma culta ao ler gibis, piadas, parlendas e internet? Sua amostra de gêneros indica, ao contrário, o coloquial (bem distante do culto).

Sinto muito, mas o maior objetivo da leitura não é escrever. É ler. Cada macaco no seu galho. Se a escola tenta fazer os alunos lerem com o objetivo de escrever, está bem pior do que eu pensava.

A minha Ana, certamente, lê bem mais do que eu imagino. Até porque ela é uma das poucas alunas que critica o que lê e o que lhe é ordenado. Sei que tem mais senso crítico do que muito marmanjo. A principal leitura que ela faz, eu vou lhe dizer: é de gente e do mundo. É de lixo jogado no chão. É de assaltante de carros e guarda-chuvas. É de passarinho preso em gaiolas. É da frustração de não ter asas para voar. É da curiosidade de saber por que as estrelas não caem no chão...

Infelizmente, as crianças continuam aprendendo que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 22 de abril de 1500 por ter errado o caminho para as Índias... As crianças continuam visitando o Congresso Nacional (como hoje minha filha foi pela escola) para aprender as cores dos salões, os nomes dos edifícios, e saindo sem saber o motivo em si dele existir. Talvez nem os professores saibam, não é mesmo! Poucos, no Brasil, sabem a diferença entre a Câmara e o Senado (creio que você saiba e ensine aos alunos).

Ainda temos que percorrer longo caminho antes de aprender a escrever a inacessível, elitizada, complexa Língua Portuguesa conforme os ditames gramaticais.

Abraços,

Solange

p.s. Volte sempre! A construção dialógica da vida é a mais rica!

\o/ disse...

Esqueci de dizer, concordo com a Fernanda que diploma é nada para quem busca uma vida menos medíocre.

Fernanda disse...

prezada Debora, o foda-se do meu vocabulario não é tão diferente do seu suor por um diploma, suado de classe, de quem pega ônibus lotado. Se para ti um diploma importa tanto, sinto muito, porque hoje em dia gari precisa ser letrado pra ganhar a miseria que ganha. E gari letrado vem de aprovação automatica, resquicios de um politica feita por uma professora doutora da usp, quando assumiu o ministério da educação. Nosso presidente não suou 7 anos numa carteira de universidade. Suou muito tempo em outros lugares, onde ele fez de universidade. Ele é marionete? Fernando Collor, letrado, estudado, de boa classe era o que? O jogo político independe de títulos. A vida independe deles. Quer que eu desfile os meus? posso fazer isso aqui pra você. Você suou 7 anos na universidade, eu suo nela já vai fazer mais que o dobro. Além de ser professora universitária. Tenho 1 graduação, 2 especializaçoes, 1 aprefeiçoamento profissional em Cuba, 1 mestrado e estou fazendo doutorado. Meu vocabulario ainda te preocupa? Ah sim, é importante mostrar que eu tb vim debaixo, claro. Avô carvoeiro, pai que não chegou na graduação, mãe que criava galinha e pato para comer. Mas será que tudo isso importa mesmo? As universidades vendem diplomas. Eu sei porque dou aulas nelas, embora tenha feito minha formação na UNICAMP e na USP, excessoes educacionais. Ver que aluno de graduação não sabe ler e terá um título para continuar sendo operador de telemarketing, não me agrada. Os titulos perdem sua validade em um sistema tão mediocre quanto este. Quer mesmo que eu destile um vocabulario erudito? Na sala de aula, qdo faço isso escuto: nossa, professora, hoje a senhora está falando difícil. Eles não têm a menor ideia do que as letras significam, nem no papel, nem oralmente. Então foda-se o papel. Não serve pra nada, só para concurso público. O que vai além não é o tempo que a pessoa fica suando na universidade, e sim o que ela faz fora dela, com os conhecimentos que adquiriu no dentro ou em outro lugar. Seu protesto ironico contra o presidente não vale de nada. Tenho certeza que num debate ao vivo com ele, aprenderemos mais do que anos de faculdade, feita pra deixar o mundo quadrado, mais fácil de governar, com um pensamento igualitário. Freud já disse que educar é uma das profissoes impossíveis. Mas fique a vontade para pendurar seu diploma na parede. Se eu fizesse isso com os meus mais de 200 certificados, faltariam paredes. Bom sorte com seu suor. Só não me venha dizer com ironia um mundo com ou sem diplomas, porque nessa escola, meu vocabulario vai na mesma medida. Fodam-se os titulos. Falta qualidade na formação educacional, na alfabetização e coisa e tal. Fodam-se os numeros de gente "alfabetizada" pra ingles ver, ou melhor, para satisfazer as estatisticas da ONU.

Ps: se quiser pode corrigir, meu vocabulario, meu portugues e a acentuação.

Abraços.
Fernanda, cidadã cheia de titulos, professora universitaria, divulgadora cientifica e cultural, inconformada com o pensamento igualitário de universidades feitas para vender diplomas para garis, operadores de telemarketing e coisa e tal. Que pendurem as universidades e rasguem os diplomas!

Unknown disse...

É Solange, diploma pra 'pendurar em parede', tem o nosso Presidente!!!!
Quem sou eu pra julgar um 'leitor' que está lendo pra passar em um concurso e ter estabilidade financeira? Eu, graças a Deus e meus esforços, terminei o Curso Normal aos 15 anos, aos 16 passei em concurso público cujo edital previa a NÃO contratação menores de 18 anos!O.o
Mas já comecei a 'me virar' como monitora(ñ poderia ter a carteira assinada), mas fiz 18 anos em outubro e em março do ano seguinte fui nomeada. Já li o Bagno.... muito bom! Mas as sugestões que citei foi com a intenção de 'chamar, convidar' oo educando, filho, à leitura. E falo com conhecimento de causa pois foi através de receitas culinárias e bulas de medicações que 'contrui' o hábito de ler no meu filho caçula. Não sei de onde vc é, mas no DF estamos tendo cursos preparatórios (público alvo, professores alfabetizadores), há QUATRO ANOS!Atualmente sou assessora da maior cidade do DF, para assuntos fonouadiológicos e pedagógicos, focando especificamente os alunos do terceiro ano (antiga segunda série), atendendo professores e coordenadores cujas escolas tenham alunos nesta situação.
Se texto foi muito bom praa dar 'um sacudida' na turma da pós!
Espero que ñ tenha te ofendido, mas eu sou 'bocuda' mesmo! Se ñ posso falar, tc!
Sobre o LETRAMENTO, foi um termo que substituímos aqui no DF, por 'ALFABETIZAÇÃO'. Posto depois ou se quiser 'trocar figurinha', sobre o sentido COMPLETO E COMPLEXO que levou à substituição!
Abraço, Débora ~.~

Unknown disse...

Nossa Fernanda, quanto rancor!O.o
Estamos apenas debatendo IDÉIAS!
Se for por diploma... nem conto mais os meus, inclusive como membro honorária de Metodologia Científica em uma faculdade onde ministro a disciplina há 4 anos.
Isto não me ilude. Meu pai e irmão são mestres, estou indo da pós para o doutorado PQ GOSTO DE LER, PESQUISAR, ESTUDAR!!! Em mim é inato. Seu vocabulário...apenas, em minha opinião, ser inadequado para o presente fórum. Escuto piores diariamente. Mas se achas, como educadora, ser conveniente, use TODO o teu vocabulário de baixo calão.
Só ñ vou deixar que o teu procedimento modifique o meu!~.~
Vamos debater o texto, tão interessante, como educadores, pois a nós já não cabe a linguagem vulgar (especialmente você, tão diplomada!)que já nos empoderamos da linguagem culta.
Shallon! Débora *.*

Fernanda disse...

prezada debora, só estou debatendo, uai... não sei pq vc se incomoda tanto com o meu foda-se... abraços!

PS: vou esperar para os comentarios da Solange, diante disso tudo.

Inté

\o/ disse...

Cara, Fernanda!

Esse papo de suores me cansa!
Aliás, me prostra por demais!

Mais ainda, o sistema educacional brasileiro está exatamente como você descreve: suado! nojento! fedido! ensebado! velho!

Números! Números! Dados! Dados! (e nem são dados da sorte).

Outro dia tive que explicar aos meus alunos a diferença entre dados, informações e conhecimento.

Num átimo de sorte (minha) meia dúzia entendeu que a escola produz excesso de dados e, quando muito, informações. Conhecimento? Não se ensina!
Aliás, repito: ninguém ensina nada a ninguém.

Quanto aos títulos, volto ao meu pensamento: não representam nada além de estatísticas para nada.

Abraços,
Solange

\o/ disse...

Olá, Débora!

Esse hábito (eca!) de pendurar diplomas em paredes, ouvi dizer que é coisa de pobre ou vaidoso. Gente que de fato sabe das coisas, porque deseja de conhecer, ampliar etc blábláblá, nem gosta de se apresentar a partir de títulos.

Um aparte, você sabia que o governo Lula recentemente proibiu a contratação de menores para o trabalho? Da mesma forma que você não pode não sua época... Você acha isso certo?

Voltando ao tema deste “fórum” haha, acho o Lula um cara de amplo conhecimento. Um cara que saiu do “nada” (vocês mencionou isso como virtude) e hoje troca figurinhas com diferentes tipos de gente. Não tenho a menor dúvida que o conhecimento dele é muito, muito, muito, mas muito mesmo, maior do que o meu em termos de política, organização social, pobreza, analfabetismo, relações internacionais, oratória, postura gestual, índices econômicos etc.

Talvez, eu seja melhor do que ele em história da arte, pintar uns quadros e fazer uns origamis, não sei.

Você não gosta dele? Você não se diz “apta” a julgar um leitor que estuda pra concursos e julga o presidente por que não tem primeiro grau? Não lhe entendi, eu confesso.

Estudar apostilas para concurso? Que mérito há nessa decoreba? Decorar prazos? Decorar artigos? Decorar... decorar... decorar... decorar paredes com diplomas, é a mesma coisa... Mau gosto, na minha opinião.

Corre um boato que os concurseiros (futuros mamadores das tetas estatais) precisam ser menos pensantes (leia-se menos senso crítico). Pois, se pensarem muito, acabam discordando do enunciado e podem errar a questão que foi feita para quem a decorou. Não sei se é verdade...pois eu não tenho muitas afinidades com servidores públicos... Mas desconfio que o governo emprega mais medíocres do que pensadores...

Quanto ao fato de mudar a nomenclatura de letramento para alfabetização até gostaria mesmo de saber como isso se deu. Sei que o IBGE mudou ao longo do tempo o conceito de “alfabetizados”. Já que antes bastava escrever o nome para ser considerado um.

Aliás, o que é mesmo ser alfabetizado? Alfabetizado é quem conhece o alfabeto e letrado é quem o aplica contextualmente, não é isso? Ou o DF mudou de outra maneira?

Ah, gostaria também de saber como se ensina bula e receita pra uma criança gostar de ler, isso poderia ser multiplicado pelas escolas do Brasil. Já que usamos muitos medicamentos neste país doente.

Fico contente que você tenha usado o texto na sua pós. Todos lá pensam como você? Gostaria de saber as opiniões “sacudidas” hehe.

De forma alguma de ofendi com o que você escreveu. Este blog é aberto ao público, ainda que tenha sido criado para fins acadêmicos. Despertar o senso crítico é o meu lema, ainda que para isso eu tenha que investir noites a comentar!

Abraços,

Solange

\o/ disse...

P.s. Não vejo qualquer problema no uso de qualquer vocabulário que seja para que se estabeleça uma comunicação.

Palavrões existem para ser usados.
Rococó existe para o mesmo motivo.
Cada um se expressa como bem quer, e as técnicas de comunicação estão ai para mostrar que os níveis de linguagem variam conforme público, mensagem, canal etc.

Um foda-se é bem-vindo tanto quanto um lexos à parte, e ambos constam na língua.

Então, sem muita prosopopéia, eu concordo com a Fernanda: Fodam-se os títulos!

Anônimo disse...

Caralhos me mordam!
Esta mulé cinquentona é membro honorária de Metodologia Científica em uma faculdade ? que bosta é essa? Esse título cheira naftalina... será que ela dá a mesma apostila ha 4 anos? cruzes em credo! quanta caretice! o texto até que é bonzinnho, mas essas caducas de escola publica deixam o ensino mais fudido ainda! tudo desanimada... essa debora ai fazendo especializacao agora depois de ser vovo na escola
o mundo ta perdido...
puta que pariu

Unknown disse...

Estou saindo do debate pois percebo que sequer sem me conhecer já fui rotulada, tive minha idade definida... rs...e ATÉ solicitação de 'ajuda' para debater! O texto em si não está sendo debatido: eu estou sendo axincalhada. E só para deixar claro, no próximo 17/10 é que entro nos 'enta', faço quarenta anos, com o pé no acelerador. Se a discussão voltar para O TEXTO e não para julgamentos sobre minha pessoa (não mereço tanto!), volto e continuamos a conversa Solange, sobre LETRAMENTO e seu significado mais amplo.
Bjos pra quem fica e mais tolerância com 'a idosa' aqui! rsh.. Débora ~.~
( Ah, tbém acho como vc e a Fernada, que, 'pendurar diploma" 'é nada para quem busca uma vida menos medíocre'.
Mas em muitos casos o diploma TEM que ser 'pendurado' pois o sistema assim o exige (no caso, médicos, advogados, cirurgiões plástico, dentistas, fonoauadiólogos e outros da área de saúde).)
Inté!!!

\o/ disse...

Oi, gente!

Acho que as coisas por aqui ficaram críticas... pelo bem e pelo mal.

Vou resumir minhas respostas.

Marcelo, bem-vindo ao debate. O uso de palavrões para estabelecer uma comunicação, de fato não me incomoda. Um texto que gosto muito, chamado "Direito ao Palavrão" (fácil de encontrar na internet) é muito interessante e fala da força de expressão que eles têm. Gostei do seu texto!


Antonio, você pegou pesado! A gente não deve falar das pessoas e sim discutir as idéias. A forma que você se referiu a Débora não foi nada legal, ainda mais vinda de um cavalheiro. Concordo com ela que devemos debater idéias. Imagino que talvez você tenha partido para falar "mal" dela por ela ter falado "mal" do Lula... Não cometa o mesmo erro... Pense nisso!


Fábio, concordo plenamente com o seu pensamento. Hoje diplomas, títulos, servem para melhorar salários. Acho também que usar uma faculdade pública e depois não exercer deveria devolver ao erário a grana.


Débora, não saia do debate. Ignore as ofensas e continue a explanar suas idéias. Ainda estou curiosa com as questões que lhe pedi maiores esclarecimentos... letramento... alfabetizaçao... as outras opiniões da sua turma de pós quanto ao texto... o uso de palavrão para a expressão de ideías etc...
Acho que o fato de você ter mencionado o Lula acabou gerando confusões neste debate, não é? Pense nisso você também...

Abraços a todos e voltem sempre.

Solange

ps.
Breve publico o segundo texto da trilogia, que é "Abaixo o hábito de escrever".

Fernanda disse...

Prezada Debora, não saia do debate. Eu acho muito interessante o que está acontecendo. Somos pessoas e estamos em franco espaço de desenvolvimento. Eu comentei com meu amigo Marcelo o fato de eu achar engraçado sua implicancia com meu vocabulario, e vocabulário, e leitura, e escrita é uma coisa que nós debatemos frequentemente, já que navegamos nos meios literários. Inclusive sobre o que é comunicar-se através de palavras, já que o que dizemos nunca chega ao receptor da forma como, de fato, dissemos. Tem a experiência individual de cada um. E, sinceramente, eu não sou pedagoga e não seu a diferença entre letramento e alfabetização. Talvez a confusão toda tenha se originado daí. Mas independentemente de definição de conceitos, acho pertinente as questões levantadas pelo Marcelo, sobre o uso das expressões neste processo de alfabetização e/ou letamento. Ainda acho que diploma e titulos pouco valem neste sistema em que estamos inseridos, onde tudo é rotulável, como você foi vítima, já te deram até idade. Talvez seja culpa da minha ironia com o fato de vc ter iniciado este debate ressaltando seus titulos. Me desculpe qualquer ofensa neste sentido, eu sou bocuda mesmo e sei que pago preço alto por isso. Podemos estabeler outros nichos de conversa, caso queira. Disponibilizo meu msn (fernandezias@hotmail.com) para que eu me apresente como, de fato sou, e você se apresente como, de fato é. Poderiamos fazer um chat on-line, todos nós, enquanto o terceiro texto da trilogia da Solange não sai do forno. Se você quiser saber de outras birras que tenho em relação ao ensino superior, entre no meu blog Café Docente (www.cafedocente.blogspot.com), a Solange escreve por lá também. E assim unimos forças. Espero, com este, email, ter reestabelecido o ponto de tregua.
Concordo com a Solange, estou curiosa para saber sua opinião sobre letramento e alfabetização, assim aprendo a diferença que aí está em voga.
Um abraço, Fernanda

Anônimo disse...

Olá Solange, Débora, Fernanda e todos os presentes. Humildemente, peço licença para meter a minha colher no debate. rsrs
O texto está bastante interessante, e só poderia provocar polêmica mesmo! Eu também sou contra obrigar as crianças a lerem, principalmente levantar competições em que prevalece a quantidade, e não a qualidade. É preciso que a leitura seduza a criança. É preciso que ela queira lê-lo. É preciso torná-la uma investigadora, uma curiosa, uma detetive. Mas como fazer isso? Penso que a obrigatoriedade não é o caminho. A obrigatoriedade engessa a criança. Talvez se os pais e professores contassem mais histórias a seus filhos, daquele tipo mesmo, na cama, antes de dormir. Instigando a imaginação e o fascínio pelas histórias. Parece-me que este era um hábito mais constante tempos atrás. Mas hoje? Ninguém tem tempo. É preciso também, conhecer melhor as crianças. A professora tem títulos, é pesquisadora de sei lá qual instituição, mas e as crianças? Onde elas estão? Talvez elas aprendessem mais com a vovó contando histórias na cadeira de balanço. Aquela avó, que mora no sertão, pés descalços, que não tem títulos e que sequer aprendeu a ler.

Outro dia surgiu um comentário sobre o presidente na minha aula, e um colega meu, prontamente, levantou a voz e se encheu de orgulho para dizer que este não sabe sequer ler! Esse tipo de comentário me incomoda muito. Será que este meu colega estudou a vida do presidente para saber o que ele já fez em sua vida? Será que o presidente é mesmo um analfabeto funcional, professora Débora? Pq os alunos universitários me parecem muito mais analfabetos do que ele. Eu imagino que o presidente deve ter lido e estudado muito sobre política, relações internacionais, etc. Ele, que teve uma participação efetiva nos protestos e revoluções contra a ditadura militar. Mas e os nossos jovens estudantes de hoje? Muitas vezes não sabem nem o que se passa ao redor! Não tem uma cosmovisão tão ampla como muitos auto-didatas. Estes que quiseram aprender, que buscaram verdadeiramente o saber.

Nome: Letícia
Profissão: Estudante universitária e recreacionista (ainda sem títulos)
Ocupação: palpiteira e curiosa
Alegria: quando vê brilho no olhar de quem se presta a transmitir conhecimentos
Vontade: movimentar e desestabilizar

Abraços fraternais. :)