31.10.08

Super Nanny



Super Nanny te faz refletir como a mim? Independentemente de qual tenha sido a origem deste programa, a questão do educar é posta à prova. De pais e filhos. Melhor: de pais capitalizados e filhos capitalizados. Sim! A questão nunca gira em torno da falta de dinheiro, das condições escolares, de política, economia ou algo que o valha, mas na falta de tempo dos pais para com os filhos. Basicamente! O que resulta na falta de atenção. Basicamente! Até que chega a hora e a vez da indisciplina infantil. Basicamente! E não há dinheiro que dê conta, basicamente! É quando entra a figura da babá, super, com suas dicas valiosas:

- pai, brinque com seu filho.
- mãe, imponha limites.
- programem passeios.
- tenham paciência, mostrem caminhos.
- digam o que é certo e o que é errado.
- faça-os entender: a casa, a rua, a escola, o bairro, o mundo.

Mas está aí um sistema de um capital feito para questionar. Enquanto pais, mães e sociedade se anulam para produzir e consumir, crianças ficam à deriva. E o mercado foi esperto. Com pais e mães ausentes, as redes de proteção em janelas e sacadas passam a ser um bom negócio. O nicho cresce: tapa tomada, protetor de quina, trancas para portas e gavetas, protetor de fogão, babá eletrônica e companhia. É que crianças à deriva precisam mesmo de muita tecnologia: computadores e videogames para afastá-las dos perigos das ruas, celulares com GPS para a localização exata do rebento em caso de seqüestro.

Se o futebol quebrava vidraças em tempos idos, e era só confiscar a bola, hoje fica-se em casa. Resolvido o problema das vidraças, das janelas, das sacadas, das tomadas, das quinas das mesas, das portas, das gavetas, dos fogões, dos computadores, dos videogames, dos celulares, dos pais e das mães esquecidos dos filhos. De ensiná-los, de guiá-los, de educá-los física, moral e sociologicamente.

Mas até pra isso o capital deu conta: ligue pra Super Nanny, consuma Super Nanny. A parte boa é que no fundo do baú Mary Poppins da moçoila, os livros e a literatura infantil.
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Analisando o comentário da autora acerca das atitudes dos pais em relação aos filhos, nesta atualidade capitalista, qual você entende ser o ponto central do desencontro familiar: a sociedade capitalista em si ou uma desarmonia nas relações humanas?




Desenvolva seu argumento dando exemplos.


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4 comentários:

Flávio "Jesus" disse...

Esse é um assunto do qual sempre disponho-me a redarguir. O psicologismo infantil, obviamente natural das crianças, onde, por efeito do instinto mais latente pelo fato da idade, é tratado como uma espécie de ciência. Era mais ou menos o que Simão Bacamarte fazia na obra de Machado de Assis. Ao assistir o programa, surgem reminiscências acerca dos meus (pasmem) 12 sobrinhos. Sei que criança dá trabalho (eu já cuidei de alguns sobrinhos). Enfim, corroboro que não quero ter filhos, o que não significa que não goste de crianças, muito pelo contrário, gosto tanto do meu "filho" que o livrarei do mundo violento em que vivemos rsrs Enfim, parabéns pelo texto. Até.

Flávio "Jesus" disse...

Se a tecnologia e seus "derivados" proporcionam certa segurança às crianças, ela também causa isolamento. Ressaltemos que uma criança que joga futebol é muito mais saudável do uma que passa horas a fia na frente do computador. A letargia intelectual é concomitante à essa avalanche de "medidas salutares" ao comportamento infantil. Eu acho que, se a Supper Nanny tivesse um filho pequeno, não daria conta das "estripulias" dele. Sabe como é, "casa de ferreiro, espeto de pau" hehe

Flávio "Jesus" disse...

Errata: ... do QUE uma que passa horas horas a FIO...

Anônimo disse...

É por culpa de textos como esse que a educação desse país vai de mal a pior, em todos os sentidos, moral e intelectual. Grande Paulo Freire, desde sempre emburrecendo todas as gerações.