20.12.11

O vendedor de frutas que mudou o mundo



por Gui Campos (via Facebook)

O ano de 2011 vem chegando ao fim. Um ano conturbado desde o começo, com muitas revoltas, levantes, ocupações, em suma, pessoas juntando as vozes para gritar que não estão satisfeitas. Um momento que já vinha sendo preparado desde os primeiros encontros do Fórum Social Mundial, sob o slogan de 'um outro mundo é possível'; desde a criação da internet, que na comunicação estudamos como a mudança de um modelo 'um emissor comunica para muitos' para o mais democrático 'muitos emissores comunicam para muitos'. De repente, pessoas conseguiam se organizar sem precisar de uma liderança.

O que talvez nem todos saibam é qual foi o estopim desse ano agitado. Tudo começou por causa de uma única pessoa, um jovem vendedor de frutas tunisiano de 26 anos. Chamava-se Mohamed Bouazizi. Ele não era nenhum revolucionário, nem podia imaginar a dimensão que sua auto-imolação iria tomar.

Mohamed vendia frutas ilegalmente em uma praça, na pequena cidade de Sidi Bouzid, trabalho que aqui no Brasil chamamos de 'camelô'. A polícia há muitos anos cobrava propina para deixá-lo trabalhar. Há exatamente um ano atrás, no dia 17 de dezembro de 2010, ele havia resolvido que não iria mais dar seu dinheiro para policiais corruptos. Quando se recusou a pagar, confiscaram seu carrinho de frutas. Ele tentou argumentar, e como resposta uma funcionária municipal lhe deu um tapa na cara e cuspiu nele no meio da praça. 

Foi até a sede do governo para tentar reaver seu carrinho, suas frutas e dar queixa da funcionária do Estado que havia lhe agredido. O governador se recusou a recebê-lo. Ele então saiu do prédio, foi até um posto de gasolina próximo e voltou. No meio do trânsito gritou "como vocês querem que eu viva desse jeito?". Jogou combustível em si mesmo e acendeu um fósforo. Eram 11h30 da manhã.

Mohamed foi internado com 90% do corpo queimado, e sua históra começou a circular na Tunísia. Virou o representante de um povo humilhado por 23 anos de ditadura e repressão. Indignado, o povo foi às ruas, e por mais de duas semanas enfrentou a polícia em diversas cidades do país. Quando morreu, no dia 4 de janeiro de 2011, 18 dias depois, virou um mártir. A revolução já havia explodido. No dia 14 de janeiro o então presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, foi obrigado a deixar o poder e fugir para Arábia Saudita. 

Assim começou 2011. Daí veio o que foi chamado de 'Primavera Árabe': o Egito também se rebelou e depôs Hosni Mubarak, no poder há 30 anos. Uma guerra civil na Líbia terminou com a prisão e morte de Gaddafi, ditador há 42 anos. Também houve levantes em Bahrein, Síria, Iêmen, Argélia, Djibouti, Iraque, Jordânia e Oman.

Na Espanha, o movimento chamado de 15-M ocupou o centro de Madri e logo se espalhou para as demais cidades. Na Inglaterra um quebra-quebra assustou os londrinos. Nos Estados Unidos veio a 'Occupy Wall Street': milhares de pessoas ocuparam primeiramente o coração econômico do capitalismo e logo várias outras cidades, defendendo que o Estado deve governar para o 99% da população comum, e não para o 1% que é dono do dinheiro, com o slogan 'nós somos os 99%'. 

Os chineses foram às ruas pedindo liberdade; estudantes chilenos tomaram as ruas por meses contra o modelo de educação privada dos tempos de Pinochet, e inventaram jeitos criativos de ganhar a atenção da mídia para seus protestos, como o 'thriller pela educação' (http://www.youtube.com/watch?v=tR12Vi6BvrI); a Palestina apresentou um pedido de reconhecimento às Nações Unidas, fortemente aplaudido pelos representantes de todos os países, com exceção de Estados Unidos e Israel. Com isso expôs o absurdo que é o Conselho de Segurança e o poder de veto de alguns países.

Ou seja, termina em breve um ano de muitas mudanças, de crises, do desmoronamento de um modelo no qual o dinheiro é tudo que importa. Um ano que, acredito, marca o início de uma nova organização política, econômica e social. Não sabemos para onde vamos, mas sabemos que esta estrada que vínhamos seguindo já não nos serve mais. E pensar que tudo começou com um vendedor de frutas de 26 anos, numa cidadezinha do interior da Tunísia, que só queria trabalhar mas acabou mudando o mundo...

Mais um sobre o caso de enfermeira e a sociedade brasileira perdida


A enfermeira histérica e a nação infantiloide

por Diogo Luz / revista Bula
O estado patriarcal deste início de século XXI transformou o homem moderno numa massa uniforme de insegurança. O isolamento predominante nas grandes metrópoles modificou o caráter social do ser humano, despertando uma carência afetiva que precisa ser alimentada no mingau ralo dos substitutivos emocionais. A internet e os animais de estimação acabaram assumindo o papel de companheiros matrimoniais. Não é de se espantar a onda de indignação que varreu a grande rede após a divulgação de imagens de uma enfermeira espancando até a morte um cachorro da raça Yorkshire, em Formosa, no Estado de Goiás, na sexta-feira, 16.
O filósofo Janer Cristaldo abordou a estranha relação entre homens e animais no livro “O Paraíso Sexual Democrata”, uma ácida análise da social democracia na Europa e especificamente na Suécia. Ele cita a legislação alemã como um exemplo de desvirtuação proporcionada pelo politicamente correto no estado de bem-estar social. “A lei dispõe que um cão pastor necessita de 12 m² para habitar, enquanto um imigrante necessita de apenas 8 m²”. Citando o zoólogo Desmond Morris, o livro toca no ponto central do drama infantiloide vivenciado pela população dos países desenvolvidos e em ascensão econômica: “Afeto todos têm a oferecer, o problema é recebê-lo. O cão aceita incondicionalmente toda ou qualquer manifestação afetiva, sadia ou neurótica, expressada em pontapés ou afagos. Daí seu status”.
A quebra dos laços sociais alçou os animais de estimação à categoria de senhores absolutos. Não se aprende mais lições de vida com iguais, mas com cachorros e gatos, como atestam best-sellers como “Marley & Eu” e a incontável soma de genéricos da mesma lavra que tomaram de assalto as prateleiras das livrarias nos últimos anos. Cães e gatos muitas vezes recebem uma fatia maior do orçamento familiar do que os próprios filhos, isso quando eles não são completamente substituídos pelos seres de cauda. Nessa cadeia alimentar de sentimentalismo, as imagens da violência contra o cachorro despertaram nos brasileiros um horror que não seria atingido caso a vítima compartilhasse a mesma sequência genética dos indignados. A violência da enfermeira não golpeou apenas um ser indefeso, ela também acertou em cheio o vazio afetivo de toda uma nação.
Na projeção coletiva, exposta principalmente por meio das redes sociais, a defesa automática dos valores pernetas, mas caros à população, impulsionou uma resposta violenta ao crime cometido pela mulher. A imensa maioria dos comentários no Facebook e Twitter não exigia apenas cadeia pela morte do animal, mas que a agressora sofresse a mesma violência da qual o bicho foi vítima, ou ainda a pena de morte e tortura. Não tardou para que um crime corriqueiro, como atesta o delegado titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, Luziano Severino, terminasse como cavalo-de-batalha de políticos e assumisse uma parcela vasta do horário nobre.
A defesa da agressora, também por meio das redes sociais, evidencia o perfil de uma desequilibrada. Justificar uma agressão torpe diante de uma criança de colo pelas diatribes de um cachorro é passar um atestado de transtorno emocional — provável motivo da aquisição do animal, em primeiro lugar. Ainda que o crime tenha sido cometido com requintes de crueldade, ninguém espera que adultos saudáveis sugiram que a punição natural seja atirar a mulher para ser devorada por pitbulls raivosos e tampouco que as autoridades colaborem colocando mais lenha na fogueira ao divulgar detalhes do processo.
A imprensa é a responsável por informar o público de assuntos de interesse da massa. Os funcionários estatais devem zelar pela tramitação técnica do caso e também garantir a segurança física da investigada. Ainda que pessoalmente discorde em parte dos termos, o direito à vida vale tanto para Fernandinho Beira-Mar quanto para uma enfermeira neurótica, mesmo que eles não concedam igual benefício às suas vítimas. Isso é o que difere pessoas honestas de bandidos e a democracia do totalitarismo.
Todos os dias a população abdica cada vez mais das relações humanas por seus substitutos felpudos. Agora, estão dispostos a abrir mão da razão e da própria humanidade para fazer justiça pelos seus animais. Enquanto isso, seis ministros caíram do governo federal devido a suspeitas de corrupção, morreram 50 mil pessoas vítimas da violência no último ano e o Estado avança dentro dos lares para ditar se um pai pode ou não castigar fisicamente os próprios filhos. Pelo visto, um tapa ou outro é permitido numa criança, mas nem pense em fazer o mesmo com um cachorro. Pode ser o seu último ato.

Atividade: Leia e reflita sobre o texto acima e destaque os trechos em que o autor se refere à ética humana, explicando sua seleção.

19.12.11

Sobre cachorro, enfermeira, você e a civilização humana em tempos de internet




por Matheus Pichonelli

Civilização e barbárie

17.12.2011 09:18

A era dos homo facers

Durante algum tempo, homens e animais dividiram os mesmo espaços e as mesmas angústias. Não existiam gôndolas de supermercado, mas, em compensação, não havia outras preocupações na vida a não ser “o que vou comer no almoço”, “o que devo caçar”, “como conseguir o alimento com menos tempo e menos esforço”.
Era o tempo da racionalidade. O corpo tinha fome e o instinto nos levava à caça, à pesca, à colheita de frutos. Homens e iguanas poderiam sentar numa mesma mesa de bar, se houvesse bar naquele tempo, para compartilhar as mesmas queixas sobre um dia árduo. “Rapaz, deixei aquele mosquito escapar, mas foi por pouco. Tive que me contentar com um caqui podre que já estava no cão. Meu filho ficou puto porque não aguenta mais comer caqui”.

O homo facer: de dia compartilha bons sentimentos, à noite, pede sangue em nome de justiça
Ambos eram caça, ambos eram caçadores (a onça corria mais, mas os dois podiam se esconder na árvore).
E assim não caminhava a humanidade até o dia em que o sujeito de barba, ereto, observou um osso jogado no chão e percebeu que podia fazer daquele instrumento uma arma. Foi quando resolveu domesticar os animais para a sua alimentação e companhia. De um lado, atendia aos apelos do estômago, que teimava em sentir fome; de outro, atendia ao apelo da alma, para que desse um jeito na solidão.
Deste último grupo não havia melhor representante que os cães, que eram mais leais que o vizinho barbudo da casa ao lado. Eram tão dóceis quanto os elefantes e menos pegajosos do que as iguanas; só eles tinham porte para cuidar do nosso quintal e vigiar nossas posses sem estragos além dos inevitáveis. Criou-se o conceito de amizade.
Passa a fita e o sujeito barbudo abandona o osso e passa a fabricar armas. Fabrica também casas, indústrias, estradas, dutos, aviões e até lâminas de barbear. Fabrica também noções de justiça e regras de convivência. Quando viu, o homem já não era o lobo do homem, mas um ser atento a um novo jogo de sobrevivência. Permanecia falso como um camaleão, mas ciente de que um passo errado o colocaria em problemas com o delegado, com o juiz e até mesmo com o advogado, que viu naquilo tudo um negócio mais rentável do que vender ossos a prestação.
Era o tempo da evolução. Enquanto isso as iguanas e os cães seguiam lá: leais, mas à espera de que alguém os alimentasse.
Fato é que, tanto tempo depois, o ser humano já aprendeu a lidar com quase tudo. Já foi pra Lua, começou e encerrou muitas guerras, construiu a ponte estaiada sobre a marginal, botou muito vírus e muita bactéria para correr. Só não aprendeu a lidar com o elemento humano que definitivamente o diferencia do animal que domestica. Porque o animal, quando tem fome, come; quando tem sono, dorme; mas o ser humano, desde que o mundo é mundo, tem mania de complicar tudo. Por isso, toma remédios para emagrecer quando deve comer, e bebe energético ou café com guaraná quando precisa dormir.
É o ser humano que, movido a paixões, mata pai, mãe, tio ou irmão quando é contrariado. Só ele possui propriedades ainda inexistentes no mundo mineral e animal, como o ciúme, a ingratidão, a raiva, a vingança, a indignação. Por isso gasta-se tanto tempo para entender, em vão, atitudes impensadas (ou pensadas, mas fora do script do que se considera normal), como jogar a filha pela janela do apartamento ou invadir um haras para matar a tiros a amante.

O cão, que assiste de camarote à involução humana
Anos de evolução, e revoluções (da industrial à tecnológica) e páginas impressas de vã filosofia não bastaram para eliminar as barbáries do período primitivo. As barbáries, como os animais, foram apenas domesticadas. Estão sob eterna vigilância de um conjunto de regras e noções sobre ação e reação – que impedem, ou deveriam impedir, que irmãos matem irmãos impunemente. Mesmo assim, não impedem.
E quando não impedem, quando voltamos a nos comportar como animais, tentamos entender e racionalizar o que aconteceu. Quando isso é impossível, a coisa trava. Como uma máquina. Não conseguimos emitir resposta, a cabeça começa a esquentar, a soltar fumaça, como um computador à espera do Control + Alt + Del para começar tudo de novo.
Mergulhados numa era de competição feroz, e cansados de apertar os parafusos que nos garantem o orgulho de ser alguém na vida, entramos de cabeça num período confuso, de pura contradição. Lemos livros de auto-ajuda e falamos de bons sentimentos, mas damos cotoveladas homéricas em quem se aproximar do nosso parafuso e nossos quintais. O outro, o vizinho, o colega e até a esposa e o marido são sempre uma ameaça. Sempre podem produzir algo que não consta do script, da trairagem à traição. Porque são humanos, e não devolvem sorrisos quando fazemos cafuné neles. Alguns te engolem no dia seguinte, e ainda ameaçam colocar no YouTube aquele vídeo em que você aparece em posição constrangedora.
Vai ver é por isso que, para compensar nossa incapacidade de se desanimalizar (tenho a impressão de que essa palavra não existe), façamos tanto esforço para humanizar aqueles que ainda têm jeito na vida. No caso, os animais – aquele parceiro de caça de outrora e que hoje nos distrai e nos faz companhia na hora da novela, da sopa, e na hora em que precisamos quebrar o gelo da casa para não lembrar que somos sozinhos, vazios e incapazes de nos relacionar com alguém da nossa espécie.
É compreensível. Um animal bem cuidado jamais vai ser traiçoeiro. Vai, enquanto for vivo, cumprir tudo o que se espera dele. Jamais vai te contestar nem esperar seu sono para ligar para outros donos. Vai ser sempre leal, parceiro, dócil. Um ser, enfim, que devolve amor quando a ele dedicamos amor. Bem diferente dos filhos, para passam metade da vida ouvindo regras e a outra metade as descumprindo. Adão e Eva estão aí para mostrar que não existe paraíso que compense a delícia de ser oposição (com o perdão a Machado de Assis).
Com quase 30 anos nas costas, não me lembro até hoje de ter conhecido ser humano mais leal do que o Tupi, um pastor belga parceiro de dias e noites num dos períodos mais saudosos da minha infância. E não me lembro até hoje de ter sentido uma tristeza mais aguda do que o dia em que nos despedimos dele, num centro veterinário de Jaboticabal, onde meus pais foram informados de que não havia outra cura para seus tumores a não ser sacrificá-lo. Nunca me esqueci do Tupi, que uma hora dessas deve estar roçando as pernas de São Francisco de Assis.
Mesmo assim, acho que até ele se preocuparia se visse, do céu, a reação de bípedes conectados que, numa ação conjunta articulada pela internet, resolveram pedir o linchamento público de uma mulher filmada agredindo um cão até a morte. A cena é lamentável e a comoção, como diante de qualquer crime, parece inevitável.
O crime é, como qualquer crime, um ponto fora da curva das regras de convivência. Racionais que somos, não estamos preparados para absorver algo que não faça sentido (um ser humano maltratar até a morte um ser indefeso). E, como uma máquina de computador que não codifica a mensagem e passa a soltar fumaça, voltamos à pré-história. O tal Control + Alt + Del.
Em coro, juntamente até com o novelista da tevê, vamos às redes sociais com tridentes, escopetas, facas nos dentes para pedir justiça. Não a justiça resultante de anos de evolução, com processo, direito de defesa, ressocialização, espaço para o arrependimento, ação corretiva. Mas a justiça dos antepassados, que expurgavam os pontos fora da curva com apedrejamento e sangue.
Na era virtual, não basta cobrar justiça. É preciso expor a agressora, mostrar a cara, o número do celular, o endereço e o aviso: procura-se viva ou morta. Se amanhã ela for presa, processada e punida, não sentiremos a menor saciedade. Sangue se paga com sangue, e é assim desde que homens e animais engatinhavam juntos nos tempos áureos.
Nada mais representativo. Nos últimos anos, o Twitter e o Facebook permitiram que encontrássemos eco para nossas ideias mais pessoais, algumas inconfessáveis em períodos normais da história.
Fosse vivo, Benito Mussolini mediria sua popularidade pelo botão de “curtir”, e não seria pouca. O usuário da internet, sabendo que é uma legião, perdeu até a vergonha de relinchar em público. Ganhou uma plateia para as causas justas (como a defesa da dignidade dos animais) e para as suas causas duvidosas (como uma certa vontade, assumida ou não, de passar o trator na cracolândia). O meio é a mensagem e a mensagem é, no mínimo, estranha: por que vemos tanto espírito no pet e nenhum no marginal?
A verdade é que, juntos, o sentimento de revolta e o compartilhamento de simpatias pela barbárie deram outra dimensão à ideia de justiça. Em defesa dos animais, passamos a pedir a eliminação do ser humano, numa tentativa vã de extirpar do nosso convívio o elemento humano, aquele imprevisível, ingrato, incompreensível, que nos leva ao crime e à barbárie.
A indignação e a revolta nos ajudam a lembrar que somos humanos, e não máquinas indiferentes. Mas, como humanos, nos lembram que estamos sujeitos à mesma barbárie, seja como vítimas, seja como carrascos. Contra a covardia, respondemos com mais covardia. E assim a humanidade segue, no seu inevitável caminho de volta ao tempo em que ainda rastejava.

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Atividade: Leia e reflita sobre o texto acima e destaque os trechos em que o autor se refere à ética humana, explicando sua seleção.