14.7.06

DOSSIÊ GUGU - Por uma comunicação mais democrática


30.09.2003

Ao proibir a veiculação do "Domingo Legal", a Justiça extrapolou suas funções?



SIM
Rubens Approbato Machado
Presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil

A democracia elege como fundamento político e ético o direito ao livre acesso à informação. Esse direito ao livre acesso se eleva à categoria de direito fundamental, tendo a Constituição Federal firmado que a liberdade de expressão da atividade de comunicação independe de censura ou licença. A esse direito de livre acesso à informação têm sido impostos limites nas legislações modernas, particularmente na esfera da privacidade.

Diante da tendência crescente dos abusos que se cometem em nome da liberdade de expressão, urge repensar o sistema de gestão da informação e rever a participação do poder público como instrumento de controle democrático dos meios de comunicação. O papel do Estado em relação aos meios de comunicação eletrônicos deve ultrapassar seu raio de ação como poder concedente. Deve o Estado prover os meios para controlar de maneira mais atenta e rigorosa as concessões de autorização de emissoras de rádio e TV, os conteúdos de sua programação e propiciar a maior democratização dos meios, a fim de evitar sua alta concentração. Leia na íntegra...




Ao proibir a veiculação do "Domingo Legal", a Justiça extrapolou suas funções?

NÃO
Luiz Flávio Gomes
Doutor em direito penal

Seria uma enorme ilusão supor que programas televisivos marcadamente mercantilistas (que só pensam em lucros imediatos e audiência) nos transmitissem grandes lições de civismo e de moralidade intocável. Mas para tudo há limites, e cada qual deve assumir a responsabilidade pelo que faz.

Se na ditadura funciona a censura, na democracia não pode prosperar a farsa ou o crime. No programa do Gugu Liberato, ao se forjar uma entrevista bombástica (e perversamente ameaçadora) com dois supostos membros do PCC, ultrapassaram-se todas as fronteiras do razoável ou do tolerável. Leia na íntegra...

Domingo Ilegal III - Audiência e "picaretagem"

23.09.2003

DOMINGO ILEGAL
Audiência e "picaretagem" em alta

Felipe Lemos (*)

Sabe aquelas empresas ou ramos de atividade nos quais as pessoas depositam pouca ou praticamente nenhuma credibilidade? Movimentam até altas somas de dinheiro, porém eticamente ou moralmente estão destituídas do mínimo respeito ou consideração? Pois é. O fato é que a televisão brasileira dá, cada dia, mais um passo em direção a esta realidade, e ganha perigoso status de "picaretagem". Na verdade, não é um fato isolado aqui ou ali gerado por alguns programas noticiosos ou de entretenimento, mas um conjunto de trapalhadas, má intenção e ardor por lucratividade decorrente de índices elevados de audiência que estão retirando gradativamente a credibilidade da "telinha". Leia na íntegra...

Domingo Ilegal II - Censura

23.09.2003
DOMINGO ILEGAL
Controle social, sim;censura, jamais

Deonísio da Silva

Era o dia 7 de setembro de 2003 e aquele era um domingo legal. O Brasil inteiro comemorava 181 anos de independência política. É verdade que a independência econômica e a reforma agrária estão demorando mais do que o esperado. Continuam dependentes do velho esquema das capitanias hereditárias, implantadas ainda no século 16. À semelhanças daquele antigo modo de repartir um país tão grande entre tão poucos, também as televisões operam no regime de concessão. Mas, alto lá! A parecença se esgota aí. As concessões num regime democrático não são imunes ao Parlamento e ao controle do Judiciário.

Ainda que grandes contingentes do povo brasileiro semelhem o célebre bovino do quadro, que não entende o que ali se passa, ninguém pode tascar o direito de celebrar o avanço já obtido para substitui-lo pelas lamentações do atraso, daquilo que ainda não se pôde alcançar, como a instrução pública estendida a todos. A força vem das conquistas, servindo de estímulo às lutas presentes e futuras. O pessimista pode ser visto também como aquele que perde antes de travar a luta.

Mas no programa apresentado por Gugu Liberato, em vez do "grito do Ipiranga", tivemos os gritos de falsos bandidos, encapuzados e armados diante das câmeras. Para quê? Falsos os bandidos, eram verdadeiras as ameaças? Questões mal formuladas levam a respostas equivocadas. Não, a batalha era por audiência na televisão, como se o rebaixamento fosse compulsório para elevar seus índices, e os telespectadores não tivessem nenhum aparelhamento intelectual que lhes permitisse inferir que ali havia dente de coelho. Leia na íntegra...

Domingo Ilegal I - Manipulando informações

23/09/2003

DOMINGO ILEGAL
A quem interessa formar senso crítico?

Sylvia Moretzsohn (*)

A oportuna lembrança de recentes episódios que misturam ficção e realidade envolvendo a trama da (e o noticiário sobre a) novela das oito ajuda a redirecionar a discussão em torno do escândalo promovido pelo programa do Gugu. Mas parece que o professor Muniz Sodré esquece um de seus principais argumentos, ao afirmar que esse "claro sintoma histórico de resvalamento do real para o imaginário" é "vigiado apenas pela imprensa": justamente, no caso da novela, a imprensa – ou pelo menos a parte dela vinculada às Organizações Globo – é cúmplice desse processo.

Talvez faltasse destacar um detalhe nada insignificante: o de que esse "curto-circuito entre imaginário e real" seja condenado apenas quando assume ares agressivos, contra a "cultura da paz". Pois, nesses tempos em que o Estado oferece como imagem-símbolo de seu projeto de desarmamento a cena da destruição de armas de brinquedo, a mistura entre realidade e ficção é sempre saudada quando voltada para o "bem". Chega a ser uma expressão de civismo, com direito à integra do Hino Nacional fechando a cena.

E o grave efeito disso tudo – a debilitação da capacidade do senso comum de "fazer a distinção (...) entre o que efetivamente acontece e as simulações do acontecimento", isto é, o enfraquecimento da possibilidade de formação de um senso crítico – continua a produzir seus estragos mais profundos.

Mas a quem interessaria a formação de um senso crítico, não é mesmo?

Mídia e sistema penal
Se puxarmos um pouco pela memória, veremos que esse enorme iceberg já mostrou suas pontas inúmeras vezes, fornecendo pautas extensas para as capas dos cadernos autodenominados de "cultura", que se espantam com o festival de baixarias produzido na briga pelo Ibope. Depois tudo retorna ao seu leito "natural", isto é, o leito do mercado, que é onde se forjam esses escândalos.

Ocorre que os programas sensacionalistas não são autônomos, não existem apenas pela vontade de seus apresentadores e patrocinadores. Fazem parte do modo predominante de conduta da televisão comercial. Por isso, não creio que devamos "acompanhar mais de perto" apenas esses programas, mas a programação ela mesma, de modo abrangente. Talvez aí identifiquemos os vínculos que unem os programas de escândalo a outros – inclusive jornalísticos – aparentemente inocentes e até elogiados como porta-vozes dos direitos do cidadão.

É importante lembrar também que, no campo da comunicação, existem vários estudos a respeito de programas policiais e das relações mais gerais entre mídia e sistema penal, que podem fornecer argumentos importantes para esse necessário acompanhamento.


(*) Jornalista e professora de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense

Texto: Como filtrar a influência dos professores?


Desenvolver o senso crítico é fundamental no processo de aprendizagem
Publicado em 21/03/2006 - 00:01


"Na universidade a gente descobre novas idéias, pensamentos revolucionários, amizades diversificadas. E os professores têm grande influência nesse processo de absorver novas concepções e visão de mundo. Mas a gente não pode ir absorvendo tudo, sem senso crítico. A questão é: como aprender a filtrar as informações transmitidas em sala de aula, fazer com que essa influência seja positiva e que não nos deixe sem opinião própria? Leia mais...

É preciso duvidar de tudo...


O livro "'É preciso duvidar de tudo" é um conto inacabado de Kierkegaard sobre as inquietações do jovem Climacus, arrebatado por uma insólita paixão pela Filosofia.

Coleção: Breves Encontros
Autor: Soren Kierkegaard
Editora: Martins Fontes
1a edição, 2003.

Livro - Senso Crítico


Senso Crítico - Do dia-a-dia às ciências humanas

Autor: David William Carraher

Editora: Thomson Pioneira

5a Edição, 1999.



Sugestão de leitura para professores e estudantes dos cursos de Ciências Sociais e Humanas, para profissionais das diversas áreas de Comunicação, para homens públicos e todos interessados em desenvolver sua capacidade de raciocínio e habilidades analíticas. Seu interesse é especialmente voltado para áreas de Metodologia Científica e pesquisas em geral.

Livro - Senso Comum - Thomas Paine

Resumo
por Guilherme Santos


"Na sua introdução ao Senso Comum, Thomas Paine afirma que a causa da América é a causa de toda a Humanidade. Ele afirma que as situações que surgem são universais, e que afectam todos - de um maneira ou outra, directa ou indirectamente.
Os comentários por ele feitos são tão relevantes hoje como eram há 230 anos atrás. Paine escreveu que o Governo, no seu melhor, era um mal necessário, causado pela malvadez do ser humano, destinado a restringir os vícios da cidadania.
A força do Governo, e a satisfação dos governados, dependia do eleitorado, e os eleitos suportavam os outros, mantendo o interesse comum da sociedade em primeiro lugar - nomeadamente a liberdade e a segurança. A Inglaterra e a sua Constituição falharam em concretizar isto, segundo Paine.
Haviam duas tiranias na Lei Britânica - a monarquia e a aristocracia. Estas eram formadas por pessoas independentes, e nada contribuiam para a liberdade. O Rei, por natureza, é afastado da plebe (povo) e dos meios de comunicação social, mas mesmo assim destinado a agir no interesse do povo.
Paine contesta que a Realeza havia sido uma das invenções mais bem sucedidas do Diabo, introduzida logo nos primeiros tempos do Homem e copiada depois pelas crianças de Israel. Aqui está um homem, igual a qualquer outro, pronto para honras e riquezas acima de qualquer outro compatriota. Esta exaltação não pode ser justificada de forma natural e, consequentemente, não pode ser justificada ou defendida pela tradição.
A vontade de Deus parece claramente contra o Governo de Reis. E enquanto a Inglaterra teve bons Reis, o seu País gemeu sob o fardo de muitos mais maus Reis. O Rei parecia útil apenas para uma coisa - fazer a Guerra e doar terras. E por isto ele recebia 800 mil libras esterlinas ao ano, além da veneração dos seus súbditos. Um óptimo negócio, para um homem só. O estado dos assuntos nas colónias foi o resultado desta disparidade. Gerações foram-se preparando discretamente, aguardando uma controvérsia entre Inglaterra e as suas colónias.
O Senso Comum ditava que a América iria florescer quando estivesse fora do peso da Monarquia, e o comércio e amizade com toda a Europa seria possível. Em Senso Comum, Paine descreve o futuro do Governo Americano, da Presidência ao Congresso.
Paine apela a todos os cidadãos de colónias para que ponham de lado as suas 'etiquetas' de subalternos, e que se unam como um só país: uma América livre e independente. A independência é a única coisa que pode unir as colónias umas às outras contra a tirania do controlo Britânico. Tal como era antes, é hoje. Nós fomos, e somos, um povo diverso, unido pelo laço comum da liberdade".

Livro - Educação e senso comum...


Educação: Do senso comum à consciência filosófica
Autor: Dermeval Saviani
Coleção: Educação Contemporânea
Editora: Autores Associados
12a edição, 1996.

Livro: Como o senso comum compreende a filosofia

Autor: Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Editora: Paz e Terra (2006)

Para Hegel a consciência de si e do outro vem com a reflexão e o esforço do pensamento. A esse esforço que reconhece a própria contingência, mas a inclui no seu trabalho mental, o autor opõe os argumentos de Krug contra o idealismo transcendental. Irozinando e citando exemplos cotidianos, Hegel contesta as exigências de 'bom senso' de seu opositor. A agradável leitura exige alguns conceitos básicos para ser compreendida em toda a extensão de sua crítica. Importante para fundamentar a necessidade de rigor na reflexão filosófica no ensino médio.

Vamos refletir?

“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”


(Marilena Chaui)
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Disciplina: Tópicos Especiais I
Professora: Solange Pereira Pinto

EMENTA
Importância do senso crítico na sociedade. A leitura ativa, analítica e crítica de textos. Análise do senso comum. A manipulação de informações e os formadores de opinião no dia-a-dia. A construção do conhecimento científico e sua finalidade. Visão ampla das informações e da comunicação no contexto sócio-cultural.

OBJETIVO GERAL
Possibilitar o desenvolvimento do raciocínio e capacidade crítica do indivíduo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Possibilitar aprendizagem sobre:
- A formação do senso crítico, sua origem e possibilidades.
- A responsabilidade individual no âmbito coletivo e social
- Ampliação do olhar sócio-cultural e da “visão de mundo” a partir de leituras críticas
- O indivíduo, a família, a escola/a ciência, a sociedade, o estado como sujeitos do desenvolvimento crítico.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Análise do discurso textual escrito, oral e não verbal.
Senso comum. Crenças. Senso crítico.
Pensamento lógico. Ciência.
Mídia, informação, censura, entretenimento, comunicação e manipulação.
Globalização, internet, produção do conhecimento em rede.